Já são 10 anos dos Crimes de Maio, que ficaram marcados de formas bem diferentes pra quem vive em São Paulo. Naqueles fatídicos dias de maio de 2006 marcados pelo conflito entre polícia e crime organizado, enquanto a classe média via o caos na TV e se trancava em casa (cancela aula, cancela consulta, cancela trabalho), as periferias não podiam parar. Tinha que trabalhar, o filho tinha que ir pra escola enquanto isso, e quem tava na rua se arriscava em meio aos toques de recolher.
De lá pra cá, a marcha fúnebre prossegue: por ano, quase 60 mil pessoas são assassinadas no País. Não são apenas Mães de Maio, mas também de junho, setembro, do ano inteiro. Com golpe ou sem golpe para trocar os comandantes no andar de cima, o genocídio do povo negro continua. Como ocorreu com o menino Ítalo, de 10 anos. Ou com o jovem universitário Matheus, de 24 anos, no Grajaú. Ou com os cinco jovens da zona Leste, desaparecidos por duas semanas.
Por outro lado, o revide vem mais forte. Neste ano, a população foi pra cima do Estado e seus representantes, seja nas ruas, na frente do Palácio dos Bandeirantes ou ocupando a sede da Secretaria de Segurança Pública. O que você lê nas matérias destacadas a seguir é só o começo:
- Um ano de fortalecimento da consciência negra no Grajaú
- “Nossos passos vêm de longe”: Mulheres negras e as oportunidades contra a maquinaria da opressão
- Manifestantes ocupam SSP, secretário foge escoltado e grupos promente novo ato contra genocídio
- Matheus Freitas: Presente!
- Jovem negro morre após ser baleado por PM dentro de escola, moradores protestam e repressão come solta no Grajaú
- 516 anos de golpe
- Editorial: Brasil racista, máquina mortífera para o povo preto
- Quando o enquadro vira sequela
- “Tá metido com droga?”: A quem serve a proibição dos entorpecentes?
- No aniversário do ECA, lembramos que a maioridade penal ainda tá sob ameaça
- Em São Paulo, imigrantes angolanos lutam contra prisão de ativistas em terra natal
- “Ítalo vive”: um papo reto de militantes negros para brancos do Morumbi favoráveis à violência policial
- Sucupira Resiste e lembra jovens mortos pelo Estado
- 10 anos, 84 teses e as mães das periferias ainda perdem seus filhos para a polícia
- Mães de Maio: “Queremos parir uma nova sociedade”
- Genocídio: golpe permanente
- #SP462anos: comemorar o quê?
1 Comentário
[…] reais dos que fizeram do “luto” um verbo. No clipe, cenas das manifestações do grupo Mães de Maio ilustram a batalha coletiva daquelas que choram os filhos mortos exterminados pelo racismo mas que […]