Adriano Santos Barros, 33 anos, teve amigos assaltados recentemente perto de suas casas. Mas esse não é o único tipo de violência que ele presencia constantemente.
“Somos violentados todos os dias pelos transportes super lutados. As lotações são tão cheias que mal dá para se mexer. Há duas semanas uma lotação bateu num cruzamento em frente ao metrô Itaquera, deixando vários feridos. Onde moro, só tem uma linha de ônibus, e ficamos reféns das lotações que tratam seus passageiros como gado”, diz ele, que mora em Itaquera, zona Leste de São Paulo.
Mas o professor de Literatura e Filosofia tenta mudar esse cenário de violação de direitos mostrando aos alunos a situação em que vivemos: desigualdade social, discriminação e preconceito.
“Mostro como somos influenciados a usar tal marca de tênis, celular, roupa, etc, para sermos aceitos em determinados grupos, como somos massificados por todos os lados: tv, rádio, comunidades sociais, jornais, revistas, etc, e que na maioria das vezes somos apenas uma massa disforme. Que a educação ainda, mesmo muito precária na periferia, é um fator de reconhecimento e respeito”, explica Adriano.
Um dos projetos desenvolvidos pelo professor é “A Poesia Ocupa Lugares”, feito com alguns alunos do nono ano do ensino fundamental e dos segundo e terceiro anos do ensino médio busca divulgar e fomentar a poesia, a arte e a cultura latino-americana nas escolas. Os estudantes gravam um vídeo baseado no texto escolhido.
Para o primeiro vídeo, o poema escolhido foi “O Bicho”, de Manuel Bandeira, que retrata o cotidiano degradante do homem que atingiu o extremo da miséria humana.
“Todos nós nos deparamos cotidianamente com tal cena degradante descrita pelo poeta e, lamentavelmente, isto acontece constantemente e já não percebemos a crueza da miséria humana em que estamos e achamos tudo isso banal e normal, ou seja, esse ‘bicho’ já faz parte da paisagem”,termina Adriano.
Redação PEM