Estéticas das Periferias: sexta edição do encontro mobiliza quebradas com ações em rede

Estéticas das Periferias: sexta edição do encontro mobiliza quebradas com ações em rede

São 15 territórios, quase 60 espaços e diversas organizações e grupos com mais de 80 atrações culturais nas periferias. Encontro começa nesta terça.

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Tempo de leitura: 7 minutos

Da percepção do seu lugar para a visão do todo. A sexta edição do Encontro Estéticas das Periferias mobiliza 15 territórios, quase 60 espaços e diversas organizações e grupos com mais de 80 atrações, todas celebrando a cultura periférica, exaltando a produção local, sem perder de vista a importância da atuação política em rede.

"Dos tambores ao tamborzão": espetáculo abre Estéticas das Periferias 2016

“Dos tambores ao tamborzão”: espetáculo abre Estéticas das Periferias 2016


A abertura acontece nesta terça (22 de agosto), às 20h, no Auditório do Ibirapuera, com o espetáculo “Dos tambores ao tamborzão”, que, tendo a dança como linguagem norteadora, traça a história do corpo negro e periférico. Com direção de Gal Martins, a apresentação discute de que forma os fatos históricos, políticos e sociais interferem nos corpos negros, como eles mantêm enraizadas as memórias simbólicas e ancestrais e, se expressam, nos dias atuais, através do funk e por meio da tradição do “passinho”. A entrada é gratuita e os ingressos serão distribuídos a partir das 18h30.

Antes do espetáculo, também no Ibirapuera, uma roda de conversa discute a tradição de desobediência reivindicatória dos movimentos de cultura ao exigir do Estado a efetivação da cultura como direito da população. Para isso, alguns debatedores abordarão o tema na tradição que vem de Gandhi, Martin Luther King, Nelson Mandela e Rigoberta Menchú.

Os convidados são: Hamilton Faria (poeta, coordenador de cultura e comunicação do Instituto Pólis e professor titular na Faculdade de Artes Plásticas da FAAP-São Paulo); Tião Soares (consultor e gestor nas áreas de educação, cultura e desenvolvimento social e humano); Heloisa Buarque de Hollanda (coordenadora do Programa Avançado de Cultura Contemporânea PACC/UFRJ); Regina Egger Pazzanese (historiadora, comunicadora social e doutoranda em História Social pela USP); Marcelo Lima (aprendiz da Fábrica de Cultura do Capão Redondo, uma das lideranças no processo de ocupação); Marcia Izzo (educadora e produtora cultural) e Daniela Biancardi (atriz, orientadora teatral e produtora cultural).

Entre os dias 24 e 28 de agosto (terça a domingo), o evento ocupará mais de 60 espaços culturais paulistanos. Com dezenas de atrações como shows musicais, peças de teatro, palestras, entre outras ações, o Estéticas das Periferias mantém a habitual entrada gratuita em todas as suas atividades.

Lugares afetivos

Eleilson Leite, coordenador da área de cultura da Ação Educativa, explica que o Encontro desse ano elege como um dos temas o conceito de território, a fim de evidenciar o diálogo que a produção cultural possui com as demandas mais imediatas da população e também com as potencialidades que emergem das comunidades, mesmo em contexto de pobreza. Ele ainda ressalta que as definições dos 15 territórios não partiu da concepção político-administrativa, e sim buscou elementos que estabelecessem pontos comuns e diversos entre os espaços.

“Atuar no nível local nos dá a oportunidade de criar soluções para problemas globais, promovendo ações de desenvolvimento local na chave do direito à cidade. A delimitação de um território leva em conta fatores como identidades coletivas estabelecidas por laços de pertencimento, circuitos e determinados tipos de trajeto. A cartografia do território é assim uma construção de grande apelo simbólico e a cultura é a narrativa que trama o tecido social daquele espaço. Ou seja, para nós, território é um espaço afetivo”, explica.

Eleilson acredita que a opção por discutir a ideia de território reforça tanto a preocupação do Estéticas de seguir constantemente se renovando, como também possibilita que o evento se transforme em uma rede com ações permanentes.

Programação

Nesta edição, a programação do Estéticas das Periferias prioriza o protagonismo local. Sendo assim, não há um discurso ou linguagem únicos. Porém, a tradicional diversidade e riqueza de apresentações se mantêm e se diversifica.

Para quem quiser curtir um bom samba, não vão faltar opções. Entre as diversas apresentações, na Casa de Cultura do Tremembé, dia 25, às 18h30, acontece o “O Canto da Mulher Negra em 100 anos de Samba”, com participação de Viviane Abrahão e convidados; no dia 27, às 14h, é a vez da Roda de Choro do Museu Memória do Jaçanã, na Praça João Batista Vasques, também na zona norte. No Instituto Cultural Samba Autêntico, na Freguesia do Ó, dia 28, a partir das 14h30, ocorre a apresentação “Do Jongo ao Partido Alto”.

A 35km do centro de São Paulo, o distrito da Cidade Tiradentes vai falar sobre a presença das mulheres nordestinas na periferia de São Paulo com o espetáculo “As Três Marias, o Sol e a Lua”, às 10h30, na Casa de Cultura Tiradentes. No CEU Butantã, o coletivo Mbeji também resgata heranças, mas dessa vez a inspiração são as influências afromeríndia e afrolantina na dança e música brasileira.

A efervescência dos saraus marca presença no encontro, presente em praticamente todos os territórios. No dia 25, os destaques poéticos ficam por conta do “Perifatividade”, às 15h30, na Biblioteca Castro Alves; na Cidade Ademar, às 19h, com “Sarau Pantanal”; e também com o Sarau Comungar, às 15h30, na Biblioteca Gilberto Freyre, comemorando seus 3 anos de existência. Já no dia 26, é a vez do sarau “Versos em Versos”, na biblioteca Belmonte, zona sul da cidade.

É claro que não vai faltar rap. Dia 24, o rapper Manno G lança o CD “Universo Confuso”, que explora a raiz nordestina do músico. Dia 26, a sede da Ação Educativa recebe um especial do programa “Revolução Rap”, que convida os grupos Avante Coletivo, Loucos Pela Mente, Jamés Ventura, Maloquieiro Anômino, Tati Botelho, Tifu, Motim e, no toca discos, Wolverine.

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