Grajaú Eletrônico resgata e reinventa cena da música eletrônica da periferia nos anos 90

Grajaú Eletrônico resgata e reinventa cena da música eletrônica da periferia nos anos 90

“O espaço da e-music na periferia é relativo”, diz Isnik, que retrata o difícil cotidiano da quebrada suas músicas.

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Final dos anos 90, começo dos 2000.

Presentes nas principais baladas e eventos de São Paulo da época – como a Parada Gay e o Skol Beats, além das casas Nation, Hell’s Club, Over Night e outras -, diversos DJs de música eletrônica da periferia paulistana criaram uma cena alternativa no bairro do Grajaú, zona Sul da cidade.

“A galera era tão grande que tinha até um ponto de encontro dos clubbers aqui na avenida Belmira Marin, principal via do Grajaú, além de várias festas de pequeno porte que rolavam aqui no bairro”, recorda-se o editor de vídeos Rafael Isnik, 26 anos.

Final de 2011.

Com o intuito de resgatar uma cena cultural que se diluiu em meio ao surgimento e fortalecimento de outros ritmos, Isnik e seu irmão, o cobrador de ônibus Leandro Gore, 33, criaram um festival de música eletrônica em setembro do ano passado.

Desde então, já foi realizados seis eventos Grajaú Eletrônico, que acontece em praça pública e é sustentado com a ajuda dos próprios DJs – um empresta a mesa, o outro cede a luz, etc. A ideia é se renovar a cada edição.

“Sempre fizemos isso juntado a vontade de divulgar novos DJs e os projetos de e-music da região, misturando com DJs consagrados da cena e tentando democratizar a balada eletrônica, que hoje é elitizada na cidade de São Paulo, com casas noturnas cobrando muito caro pela entrada”, continua Isnik.

Neste domingo, 28, a sétima edição do Grajaú Eletrônico será aberta por uma DJ de nove anos de idade. O evento rola na Casa de Cultura do Palhaço Carequinha e disputa espaço no imaginário coletivo com outros ritmos que se fortaleceram nos últimos anos, como o samba, rap, funk e sertanejo.

“O espaço da e-music na periferia é relativo”, diz Isnik, que retrata o difícil cotidiano da quebrada suas músicas.

O resultado, porém, compensa.

“Nossa expectativa é de que haja cada vez mais ter jovens não só gostando da e-music mass querendo se aprofundar como DJs e produtores de e-music”, conta Isnik, que diz ser procurado por jovens interessados em ingressar nas pickups de som.

‘Se o evento fosse no centro da cidade não teria o mesmo impacto do que no Grajaú, uma oportunidade ótima para criar uma nova cena”.

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