A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano indeferiu um pedido da empresa Harpia Logística para a emissão de um documento que permitiria a construção de um aeródromo particular em Parelheiros, zona sul de São Paulo. A decisão de negar à empresa a emissão da certidão de uso e ocupação do solo para o terreno onde se pretende construir o aeroporto foi publicada nesta quarta-feira no Diário Oficial. Veja a publicação.
A Fazenda da Ilha, terreno escolhido para o empreendimento que atenderá somente jatos executivos e companhias de táxi aéreo, está localizada em uma área de proteção aos mananciais importantíssima para o abastecimento da cidade de São Paulo, próxima à várzea do Rio Embu-Guaçu – principal formador da Represa de Guarapiranga. Além disso, o imóvel também é vizinho de uma unidade de conservação e está em rota migratória de aves.
Movimentos e lideranças da zona sul também temem a abertura de acessos ao Rodoanel para garantir a viabilidade econômica do empreendimento, desrespeitando o licenciamento do trecho sul da rodovia. O grupo está produzindo um manifesto contra a instalação do aeródromo em Parelheiros.
Entenda a polêmica
Há duas semanas, diversos veículos da imprensa noticiaram que a Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República aprovou a construção de um aeroporto no bairro de Parelheiros, no extremo sul de São Paulo. Segundo o Governo do Estado de São Paulo, será o primeiro aeroporto privado do Brasil responsável por operar voos da aviação geral (pousos e decolagens de jatos executivos e companhias de taxi aéreo)
O aeródromo sob responsabilidade da Harpia Logística terá aproximadamente quatro milhões de metros quadrados, uma pista de 1.830 metros – extensão superior à de Congonhas ou Santos Dumont – e poderá receber até 156 mil pousos e decolagens por ano. Ainda serão criados 33 lotes destinados à implantação de hangares, com 491 mil metros quadrados de área. O aeroporto deve receber aproximadamente R$ 1 bilhão em investimentos e deverá iniciar suas operações até o fim de 2014.
Segundo o governador do estado, Geraldo Alckmin, “é um investimento importante que São Paulo precisa para atender ao desenvolvimento e à demanda crescente”, mas ativistas e moradores da zona sul pensam diferente.
“A quem interessa essa obra? Quem se beneficiará disso? Como explicar que há décadas o Estado (Prefeituras, Gov. Estadual e Federal), despejam bilhões de recursos públicos para tentar conter o processo de ocupação e degradação dos mananciais e agora autoriza um campo de pouso para helicópteros e táxi aéreo e cargas, que pode colocar tudo a perder?”, questionam representantes do Espaço de Formação Assessoria e Documentação, do Movimento Garça Vermelha (Mogave) e do Instituto Biguá Eco-Estudantil (Ibeco).
Redação PEM