
Lixos e pertences arrastados pela enchente no em União de Vila Nova, São Miguel Paulista, zona Leste de SP (foto: Pedro Salvador)
As periferias brasileiras estão na linha de frente do enfrentamento à crise climática, mas seguem à margem do acesso aos recursos destinados ao setor. É o que aponta o relatório “Diretrizes para a Filantropia Climática”, desenvolvido pela Iniciativa PIPA e apresentado na quarta-feira (12), em Castanhal, na Região Metropolitana de Belém, durante a COP30.
De acordo com o levantamento, 82,3% das organizações periféricas realizam ações relacionadas à agenda climática, mas apenas 15,9% conseguem acessar recursos específicos para o tema.
O estudo reúne dados de 113 organizações periféricas de todas as regiões e biomas do país, além de informações qualitativas obtidas em uma imersão com 20 coletivos do Recife (PE).
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O relatório evidencia que as periferias fazem muito com pouco: são elas que sustentam redes de cuidado, agroecologia, reflorestamento e soberania alimentar, iniciativas fundamentais para o enfrentamento da crise climática, mas permanecem entre as menos financiadas e menos ouvidas.
A pesquisa mostra ainda que 52% dessas organizações atuam de forma informal, sem CNPJ, o que as impede de participar de editais e acessar os principais fundos de doação. Essa informalidade, segundo o estudo, não significa ausência de ação, mas reflete barreiras burocráticas e a exclusão histórica dessas iniciativas das estruturas institucionais de financiamento.
O documento também destaca o perfil social das periferias brasileiras: 85,8% dos moradores são pessoas negras, 54% mulheres e 67,3% jovens, públicos que estão no centro das ações climáticas conduzidas nesses territórios.


