Mais vulnerável, presa no trânsito e com 24 anos a menos de vida: O que o Mapa da Desigualdade revela sobre a periferia de SP

Mais vulnerável, presa no trânsito e com 24 anos a menos de vida: O que o Mapa da Desigualdade revela sobre a periferia de SP

Enquanto uma pessoa vive em média até os 82 anos no bairro rico de Alto de Pinheiros, ela chega geralmente aos 58 anos no distrito periférico de Anhanguera (zona Noroeste)

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Tempo de leitura: 5 minutos

De um ano pro outro, os números se alteram um pouco e algum distrito passa a ocupar o posto que foi de outro território. Porém, há padrões que se repetem no Mapa da Desigualdade de São Paulo: as periferias paulistanas são mais vulneráveis, aglomeradas, desconectadas e passam mais tempo no trânsito do que a média da população da cidade.

Essa diferença impacta, inclusive, na idade média ao morrer: o abismo chega a 24 anos. Enquanto uma pessoa vive em média até os 82 anos no Alto de Pinheiros ou 81 nos vizinhos Pinheiros e Jardim Paulista, no distrito periférico de Anhanguera (zona Noroeste), ela chega até os 58 anos, em média.

Idade média ao morrer nos distritos de São Paulo (reprodução MDSP)

Idade média ao morrer nos distritos de São Paulo (reprodução MDSP)

Somando os 96 distritos, a idade média ao morrer na cidade de São Paulo é de 70 anos.

Porém, muitas quebradas registram índices bem abaixo disso: quem mora no Iguatemi ou Cidade Tiradentes (no Extremo Leste) tende a registrar uma idade média ao morrer de 60 anos, igual à Sé, no Centro, onde há grande concentração de pessoas em situação de rua.

A média também é bem menor em Guaianases, Lajeado e Jardim Ângela (61 anos); Perus, Grajaú e São Rafael (62).

Esses números compõem o Mapa da Desigualdade 2024, apresentado nesta quarta-feira (27/11) pela Rede Nossa São Paulo. Publicado desde 2012, o estudo apresenta indicadores dos 96 distritos da capital paulista, divididos em 10 áreas temáticas: saúde, habitação, trabalho e renda, mobilidade, direitos humanos, cultura, esportes, infraestrutura digital, segurança pública e meio ambiente. Navegue on-line por aqui.

Aglomerada, desconectada e presa no trânsito

Enquanto 6,9% da população da cidade vive em favelas, na Vila Andrade (onde está localizada Paraisópolis) o índice atinge 35%. Na Brasilândia, chega a 24,7%. E no Sacomã, que contempla Heliópolis, abrigam 23,4% da população do distrito.

Na Vila Sônia, são 22,5% residindo em favelas, enquanto o índice atinge 21,4% da população do Campo Limpo e ultrapassa os 20% no Capão Redondo, Cachoeirinha, Rio Pequeno e Jardim São Luís.

As populações periféricas também vivem a desigualdade digital.

A média de distribuição de antenas de internet móvel na cidade chega a 8 por quilômetro quadrado, mas isso é muito maior na Sé (43 por quilômetro quadrado) ou República (42), enquanto o com menor acesso é Marsilac (apenas 0,09), Parelheiros (0,35) ou Anhanguera (0,75).

Por outro lado, as pessoas gastam um período maior nos deslocamentos.

O tempo médio gasto no transporte público no horário de pico da manhã chega a 71 minutos por dia para quem mora em Marsilac (no Extremo Sul), 66 em Cidade Tiradentes, 62 em Parelheiros e 59 minutos no Itaim Paulista ou no Grajaú. Já quem vive em Pinheiros gasta apenas 25 minutos por dia, em média, assim como residentes da República, Sé ou Barra Funda (26 minutos). A média paulistana é de 41 minutos por dia.

Vulnerabilidade

O índice de gravidez na adolescência também é maior nos distritos periféricos.

A proporção de bebês nascidos vivos de parturientes com menos de 20 anos chega a 11,2% em Parelheiros e passa os 10% em Cidade Tiradentes, Iguatemi, Jardim Ângela, Brasilândia, Jaçanã, Marsilac, Cachoeirinha, Jardim Helena, São Rafael e Guaianases – além dos centrais Pari e Bom Retiro. A média paulistana é de 6,3%, sendo que no Alto de Pinheiros é de 0%.

Já a taxa de homicídios por atinge 26,2 óbitos por cada 100 mil habitantes na Sé (Centro) e 23,7 em Marsilac. A média de São Paulo é de 5,2, mas o índice passa de 10 no Brás, Anhanguera, Parelheiros, Guaianases, Raposo Tavares e Capão Redondo.

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