Entre redes e anzóis: As histórias reais e sobrenaturais de um pescador da represa Billings

Entre redes e anzóis: As histórias reais e sobrenaturais de um pescador da represa Billings

Aos 69 anos, Cosmo de Assis Aragão é uma de tantas pessoas que vivem da pesca artesanal no Extremo Sul de São Paulo. Da sobrevivência pescando em açudes paraibanos na infância às experiências acumuladas no maior reservatório de água em área urbana do mundo, ele coleciona causos incomuns - e outros, comuns a muita gente

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Tempo de leitura: 14 minutos

Reportagem fotográfica de Pedro Salvador. Edição de texto: Thiago Borges

Cocó, como é conhecido, tem a pesca tradicional como sua principal renda há 38 anos e conhece a represa Billings de ponta a ponta. Então morador do outro lado da zona Sul paulistana, no bairro Vila das Belezas, ele trabalhava com obras quando viu que a pesca era favorável.

Se mudou para o Grajaú, uma das tantas áreas periurbanas da cidade, quando percebeu que a pesca seria sua principal fonte de renda. No distrito, se divide entre o Jardim Monte Verde e Jardim Prainha, territórios que viu nascer e ajudou a construir com as próprias mãos.

“Quando eu estava morando lá, eu vinha, pescava e voltava para lá para vender o peixe. Depois que eu vim para cá, pescava o peixe, já limpava e levava direto para a feira. Aí eu vi que realmente dava pra sobreviver pescando. É melhor do que trabalhar na obra, né?”

O Brasil tem mais de 1 milhão de pessoas registradas como pescadoras profissionais no Ministério da Pesca, sendo que 49% são mulheres. O Estado de São Paulo tem cerca de 28 mil. A reportagem tentou levantar quantas estão na capital, mas não obteve retorno do órgão federal.

Entre tantas, uma dessas pessoas é Cosmo. 

Mas nunca foi fácil. Entre infância, redes e anzóis, a pesca se tornou uma metodologia de sobrevivência.

“A gente morava no Norte, na Paraíba. Eu perdi minha mãe cedo, quando tinha 6 anos. E depois de 4 anos, meu pai se casou e a gente foi morar só, porque a madrasta era muito ruim. A gente tinha que lutar, correr atrás das coisas para sobreviver, porque meu pai dava uma compra pra gente que não dava pra sobreviver”.

“A gente tinha que fazer o corre, pescar. Como lá tinha açude, aprendemos a pescar vendo outras pessoas. A gente que limpava o peixe e já sabia o que era rede, o que era anzol e como que se pescava. Foi assim que correu esse desejo no sangue de pescar, de lutar.” 

Rotina diária

Cosmo começa o dia cedo, por volta das 4h da manhã, para armar suas redes na represa. Antigamente, passava noites acampado às margens das águas. Hoje, já aposentado, ele reduziu o ritmo e a quantidade de redes que joga, focando na captura de carpa e, às vezes, traíra e tilápia.

“A organização é a mesma coisa que qualquer trabalho. Você sai daqui umas 04h, leva marmita, leva tudo. Às vezes, tinha dia que nem ia pra casa. Levava caixa de isopor, limpava o peixe e botava no gelo. Só voltava pra casa pra trazer os peixes, pra botar no freezer ou fazer as entregas. Quando acertava bastante peixe a gente ia embora, quando não acertava, ficava lá para não gastar muita gasolina.”

“Hoje é uma pescaria mais leve, porque eu vou lá, eu armo menos quantidade de redes e volto pra casa. No outro dia eu tiro a rede, tiro os peixes e vou embora.”

Para ele, a vida como pescador nem sempre foi fácil. Cosmo lembra que, no final dos anos 1980, faltavam equipamentos adequados e sobravam dificuldades financeiras.

“Em 1986, eu já pescava de tarrafa, clandestino e levava o meu peixe para a feira. Tinha muito peixe na represa, só que na época o comércio do peixe era fraco, não tinha esses lugares aqui, era só mata. A população era bem, bem menor.”

“Antigamente, que era o tempo do Cruzeiro, o dinheiro não tinha valor. A gente não tinha condições de comprar um freezer bom, não tinha condições de ter um motor, um barco bom. As redes eram ruins, de linha muito grossa. Era muito difícil para encontrar a rede para pescar, porque para cada tipo de peixe que você vai pescar é uma rede diferente.” 

Nesse passado com dificuldades, Cosmo fazia parcerias que o ajudavam na venda.

“Tinha sacoleiro que pegava o peixe onde eu morava e saía vendendo na rua.”

Ele também vendia em feiras, onde podia receber um valor imediato pelo trabalho, o que fazia grande diferença na renda.

“Às vezes, eu levava na sacola levava 20, 25 quilos, vendia e fazia uns 100, 150 cruzeiros. O máximo que eu podia levar era 25 quilos.”

Hoje, todo o trabalho desde a pesca à venda é mais facilitado graças aos contatos que Cocó construiu ao longo dos anos e meios de comunicação virtuais. Os equipamentos também dão maiores condições. 

“Quando não tinha o celular, era difícil demais. A gente não tinha condições de ter um telefone de linha, então era difícil para você vender um peixe.  Hoje a classe pescadora já está sendo conhecida. Está muito moderno e, graças a Deus, temos acesso a barcos de alumínio, motores modernos e até mesmo um acesso mais fácil (às ferramentas).”

“Hoje é completamente diferente, a gente não tem o que reclamar da pescaria. Está muito fácil ser pescador e o comércio de peixe é muito grande, né? É muito fácil você negociar seu peixe, botar seu peixe no mercado.”

A Periferia em Movimento acompanhou um período do dia de seu trabalho e Cocó parou 2 vezes para jogar peixe a um amigo que estava pescando na beira da represa. 

A renda da primeira rede  foi separada em duas caixas – uma para doar e distribuir, e outra para vender a uma cliente que já aguardava  a entrega.

Apesar das preocupações com a poluição na represa Billings, o pescador assegura que a qualidade do peixe ainda se mantém boa, permitindo que ele e outros pescadores continuem suas atividades na região.

“O pescado é procurado no mundo inteiro. Peixe tem muito. Hoje, a maioria dos peixes que entram nos mercadão é peixe de cativeiro, mas o peixe silvestre é o peixe que nunca perde o valor. Peixe silvestre é top de linha.”

Reconhecimento como trabalho

No Brasil, a pesca artesanal é reconhecida como atividade profissional, com o Registro Geral de Pesca (RGP) e direitos garantidos desde 1951. 

Pescadores e pescadoras artesanais têm acesso a benefícios como o seguro-defeso, que oferece uma renda mínima durante o período de reprodução dos peixes, ou desova, como também é conhecida essa pausa que dura em torno de 3 ou 4 meses, além da aposentadoria especial após 15 anos de contribuição, devido às condições da atividade. 

Essas políticas, previstas na lei nº 11.959/2009, reforçam a importância da pesca para a segurança alimentar e o sustento de milhares de famílias em comunidades caiçaras, ribeirinhas, indígenas e periurbanas no País.

“Quando foi 1994 ou 1996, eu consegui tirar um documento profissional, uma carteira que era do Ibama, a primeira carteira minha. Aí me tornei pescador profissional e mergulhei de cabeça na pesca.”

“Os pescador que não são aposentados recebem o seguro, que seria o mesmo seguro que tem quando você sai da empresa, recebe os quatro meses de defeso de procriação dos peixes e recebe o salário, entendeu? Tem bastante benefício. Tem a colônia de pescadores que cuida, que zela pelo pescador. Se a gente precisar de qualquer coisa, se estiver doente, a gente pode dar entrada no INSS pra receber um dinheiro, um seguro. Quando eu me aposentei, eu tinha 24 anos de carteira. Me aposentei com 65 anos.”

As colônias são associações locais que defendem os direitos e interesses de quem pesca artesanalmente, auxiliando no acesso a benefícios como o seguro-defeso e no Registro Geral da Pesca (RGP). 

Ligadas à Federação Nacional dos Pescadores, elas promovem práticas sustentáveis e atuam para fortalecer as comunidades pesqueiras em meio aos desafios econômicos e ambientais.

Sobrenatural

Como todo bom pescador, Cosmo também tem histórias de arrepiar pra contar, daquelas que ninguém acredita.

“Tem tempestade que eu peguei e tive que dormir na beira da represa porque não dava pra voltar pra casa… Aconteceu várias vezes. Virar o barco com carga de peixe, já aconteceu comigo umas três vezes. Coisa sobrenatural. 

“Eu pescava com um colega, ele tava armando a rede e eu tava remando. Era umas 7 horas da noite, tava um pouco claro. Aí ele disse  que viu uma caveira vindo de encontro dele. A gente se apavorou, ele falou que ela vinha vindo por cima da água. Só que eu não vi. Ele caiu desmaiado dentro do barco, eu puxei a rede e eu vim embora. Mas não cheguei a ver nada não, quem viu foi ele.”

“Com meu cunhado, a gente tava armando rede às 3 horas da manhã e ele falou que viu uma bola de fogo que caiu na frente dele. Eu também não vi, só senti na hora que ele caiu e falou: ‘Uma bola de fogo! Uma bola de fogo!’, e caiu dentro do barco. Ele ficou ruim, ficou um tempo sem enxergar, aí eu voltei pra casa, deixei ele e voltei pra pesca.”

“Mais de 20 anos atrás, eu tava pescando [perto da] Imigrantes com um colega, olhei pra cima da mata e a gente viu uma tocha de fogo que subia e descia. O meu colega se assustou, a gente tirou a rede e ele saiu correndo. Mas eu  não corri, não. Eu fiquei pra ver o que era. Eu não tenho medo.” 

“Depois de muito tempo eu encontrei um camarada que também viu essa mesma bola de fogo que tava andando em cima da água e tinha 1 metro de altura. Ela passou em cima da água andando tipo uma pessoa em cima da água, mas era só a bola de fogo. Ela apagava e subia. Mas pra mim, não foi coisa fora do normal, não.”

A pesca artesanal no Extremo Sul de São Paulo segue, sustentando famílias e mantendo viva uma tradição importante para a cultura e a economia local. Mesmo com as dificuldades que a região enfrenta, essa atividade continua firme, sempre se adaptando ao tempo e preservando a relação com as águas da represa Billings. 

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Reportagem fotográfica de Pedro Salvador. Edição de texto: Thiago Borges

Cocó, como é conhecido, tem a pesca tradicional como sua principal renda há 38 anos e conhece a represa Billings de ponta a ponta. Então morador do outro lado da zona Sul paulistana, no bairro Vila das Belezas, ele trabalhava com obras quando viu que a pesca era favorável.

Se mudou para o Grajaú, uma das tantas áreas periurbanas da cidade, quando percebeu que a pesca seria sua principal fonte de renda. No distrito, se divide entre o Jardim Monte Verde e Jardim Prainha, territórios que viu nascer e ajudou a construir com as próprias mãos.

“Quando eu estava morando lá, eu vinha, pescava e voltava para lá para vender o peixe. Depois que eu vim para cá, pescava o peixe, já limpava e levava direto para a feira. Aí eu vi que realmente dava pra sobreviver pescando. É melhor do que trabalhar na obra, né?”

O Brasil tem mais de 1 milhão de pessoas registradas como pescadoras profissionais no Ministério da Pesca, sendo que 49% são mulheres. O Estado de São Paulo tem cerca de 28 mil. A reportagem tentou levantar quantas estão na capital, mas não obteve retorno do órgão federal.

Entre tantas, uma dessas pessoas é Cosmo. 

Mas nunca foi fácil. Entre infância, redes e anzóis, a pesca se tornou uma metodologia de sobrevivência.

“A gente morava no Norte, na Paraíba. Eu perdi minha mãe cedo, quando tinha 6 anos. E depois de 4 anos, meu pai se casou e a gente foi morar só, porque a madrasta era muito ruim. A gente tinha que lutar, correr atrás das coisas para sobreviver, porque meu pai dava uma compra pra gente que não dava pra sobreviver”.

“A gente tinha que fazer o corre, pescar. Como lá tinha açude, aprendemos a pescar vendo outras pessoas. A gente que limpava o peixe e já sabia o que era rede, o que era anzol e como que se pescava. Foi assim que correu esse desejo no sangue de pescar, de lutar.” 

Rotina diária

Cosmo começa o dia cedo, por volta das 4h da manhã, para armar suas redes na represa. Antigamente, passava noites acampado às margens das águas. Hoje, já aposentado, ele reduziu o ritmo e a quantidade de redes que joga, focando na captura de carpa e, às vezes, traíra e tilápia.

“A organização é a mesma coisa que qualquer trabalho. Você sai daqui umas 04h, leva marmita, leva tudo. Às vezes, tinha dia que nem ia pra casa. Levava caixa de isopor, limpava o peixe e botava no gelo. Só voltava pra casa pra trazer os peixes, pra botar no freezer ou fazer as entregas. Quando acertava bastante peixe a gente ia embora, quando não acertava, ficava lá para não gastar muita gasolina.”

“Hoje é uma pescaria mais leve, porque eu vou lá, eu armo menos quantidade de redes e volto pra casa. No outro dia eu tiro a rede, tiro os peixes e vou embora.”

Para ele, a vida como pescador nem sempre foi fácil. Cosmo lembra que, no final dos anos 1980, faltavam equipamentos adequados e sobravam dificuldades financeiras.

“Em 1986, eu já pescava de tarrafa, clandestino e levava o meu peixe para a feira. Tinha muito peixe na represa, só que na época o comércio do peixe era fraco, não tinha esses lugares aqui, era só mata. A população era bem, bem menor.”

“Antigamente, que era o tempo do Cruzeiro, o dinheiro não tinha valor. A gente não tinha condições de comprar um freezer bom, não tinha condições de ter um motor, um barco bom. As redes eram ruins, de linha muito grossa. Era muito difícil para encontrar a rede para pescar, porque para cada tipo de peixe que você vai pescar é uma rede diferente.” 

Nesse passado com dificuldades, Cosmo fazia parcerias que o ajudavam na venda.

“Tinha sacoleiro que pegava o peixe onde eu morava e saía vendendo na rua.”

Ele também vendia em feiras, onde podia receber um valor imediato pelo trabalho, o que fazia grande diferença na renda.

“Às vezes, eu levava na sacola levava 20, 25 quilos, vendia e fazia uns 100, 150 cruzeiros. O máximo que eu podia levar era 25 quilos.”

Hoje, todo o trabalho desde a pesca à venda é mais facilitado graças aos contatos que Cocó construiu ao longo dos anos e meios de comunicação virtuais. Os equipamentos também dão maiores condições. 

“Quando não tinha o celular, era difícil demais. A gente não tinha condições de ter um telefone de linha, então era difícil para você vender um peixe.  Hoje a classe pescadora já está sendo conhecida. Está muito moderno e, graças a Deus, temos acesso a barcos de alumínio, motores modernos e até mesmo um acesso mais fácil (às ferramentas).”

“Hoje é completamente diferente, a gente não tem o que reclamar da pescaria. Está muito fácil ser pescador e o comércio de peixe é muito grande, né? É muito fácil você negociar seu peixe, botar seu peixe no mercado.”

A Periferia em Movimento acompanhou um período do dia de seu trabalho e Cocó parou 2 vezes para jogar peixe a um amigo que estava pescando na beira da represa. 

A renda da primeira rede  foi separada em duas caixas – uma para doar e distribuir, e outra para vender a uma cliente que já aguardava  a entrega.

Apesar das preocupações com a poluição na represa Billings, o pescador assegura que a qualidade do peixe ainda se mantém boa, permitindo que ele e outros pescadores continuem suas atividades na região.

“O pescado é procurado no mundo inteiro. Peixe tem muito. Hoje, a maioria dos peixes que entram nos mercadão é peixe de cativeiro, mas o peixe silvestre é o peixe que nunca perde o valor. Peixe silvestre é top de linha.”

Reconhecimento como trabalho

No Brasil, a pesca artesanal é reconhecida como atividade profissional, com o Registro Geral de Pesca (RGP) e direitos garantidos desde 1951. 

Pescadores e pescadoras artesanais têm acesso a benefícios como o seguro-defeso, que oferece uma renda mínima durante o período de reprodução dos peixes, ou desova, como também é conhecida essa pausa que dura em torno de 3 ou 4 meses, além da aposentadoria especial após 15 anos de contribuição, devido às condições da atividade. 

Essas políticas, previstas na lei nº 11.959/2009, reforçam a importância da pesca para a segurança alimentar e o sustento de milhares de famílias em comunidades caiçaras, ribeirinhas, indígenas e periurbanas no País.

“Quando foi 1994 ou 1996, eu consegui tirar um documento profissional, uma carteira que era do Ibama, a primeira carteira minha. Aí me tornei pescador profissional e mergulhei de cabeça na pesca.”

“Os pescador que não são aposentados recebem o seguro, que seria o mesmo seguro que tem quando você sai da empresa, recebe os quatro meses de defeso de procriação dos peixes e recebe o salário, entendeu? Tem bastante benefício. Tem a colônia de pescadores que cuida, que zela pelo pescador. Se a gente precisar de qualquer coisa, se estiver doente, a gente pode dar entrada no INSS pra receber um dinheiro, um seguro. Quando eu me aposentei, eu tinha 24 anos de carteira. Me aposentei com 65 anos.”

As colônias são associações locais que defendem os direitos e interesses de quem pesca artesanalmente, auxiliando no acesso a benefícios como o seguro-defeso e no Registro Geral da Pesca (RGP). 

Ligadas à Federação Nacional dos Pescadores, elas promovem práticas sustentáveis e atuam para fortalecer as comunidades pesqueiras em meio aos desafios econômicos e ambientais.

Sobrenatural

Como todo bom pescador, Cosmo também tem histórias de arrepiar pra contar, daquelas que ninguém acredita.

“Tem tempestade que eu peguei e tive que dormir na beira da represa porque não dava pra voltar pra casa… Aconteceu várias vezes. Virar o barco com carga de peixe, já aconteceu comigo umas três vezes. Coisa sobrenatural. 

“Eu pescava com um colega, ele tava armando a rede e eu tava remando. Era umas 7 horas da noite, tava um pouco claro. Aí ele disse  que viu uma caveira vindo de encontro dele. A gente se apavorou, ele falou que ela vinha vindo por cima da água. Só que eu não vi. Ele caiu desmaiado dentro do barco, eu puxei a rede e eu vim embora. Mas não cheguei a ver nada não, quem viu foi ele.”

“Com meu cunhado, a gente tava armando rede às 3 horas da manhã e ele falou que viu uma bola de fogo que caiu na frente dele. Eu também não vi, só senti na hora que ele caiu e falou: ‘Uma bola de fogo! Uma bola de fogo!’, e caiu dentro do barco. Ele ficou ruim, ficou um tempo sem enxergar, aí eu voltei pra casa, deixei ele e voltei pra pesca.”

“Mais de 20 anos atrás, eu tava pescando [perto da] Imigrantes com um colega, olhei pra cima da mata e a gente viu uma tocha de fogo que subia e descia. O meu colega se assustou, a gente tirou a rede e ele saiu correndo. Mas eu  não corri, não. Eu fiquei pra ver o que era. Eu não tenho medo.” 

“Depois de muito tempo eu encontrei um camarada que também viu essa mesma bola de fogo que tava andando em cima da água e tinha 1 metro de altura. Ela passou em cima da água andando tipo uma pessoa em cima da água, mas era só a bola de fogo. Ela apagava e subia. Mas pra mim, não foi coisa fora do normal, não.”

A pesca artesanal no Extremo Sul de São Paulo segue, sustentando famílias e mantendo viva uma tradição importante para a cultura e a economia local. Mesmo com as dificuldades que a região enfrenta, essa atividade continua firme, sempre se adaptando ao tempo e preservando a relação com as águas da represa Billings. 

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