Texto: Paula Sant’Ana. Edição: Thiago Borges
Valdelice Nascimento, de 59 anos, quer ampliar seu negócio de confeitaria artística. Por isso, a moradora do Jardim Umarizal (no distrito do Campo Limpo, zona Sul de São Paulo) se inscreveu no projeto Mãos Empoderadas para aprender sobre vendas na internet e melhorar outras técnicas.
“Tem sido maravilhoso. Aqui é muito abrangente e significativo. Dá pra entender bem. Tô gostando da parte de marketing, porque eu não conhecia nada. Agora chego em casa e já começo a pôr em prática o que aprendi, e tá sendo muito legal pra mim”, destaca a empreendedora.
“Agora é dar mais ênfase. Instagram eu já tenho. Minha expectativa é montar um site. Como já tenho empresa aberta, então é preciso divulgar mais”, completa Valdelice.
Desde 2 de abril, o projeto promove encontros de terça a quinta-feira no Campo Limpo, entre a Casa de Cultura e o espaço do Projeto Arrastão. É a segunda edição do projeto realizado pela produtora Estima Cultural, que elabora e executa iniciativas de promoção de arte e cultura.
Aqui na zona Sul, são 57 participantes, sendo 2 homens e o restante formado por mulheres. A faixa etária do público é ampla: entre 20 e 60 anos. E as áreas de produção dos participantes trazem conteúdos diversos: bolsas, acessórios de casamento, doces, etc.
Artesãs que moram na região têm participado gratuitamente de uma série de oficinas voltadas ao aprimoramento de técnicas e produção de materiais, além de aulas de marketing digital e empreendedorismo, e rodas de conversa para instaurar um espaço de acolhimento e estimular trocas e aprendizados entre o público.
“O Mãos Empoderadas nasce com o foco no empoderamento, mas a partir da arte e geração de renda”, destaca o ator e diretor Roberto Rosa, 62, idealizador do projeto. As atividades são coordenadas por Patricia Vignoli, 58, atriz e gerente de mídias sociais.
Além das oficinas, participantes também acompanham espetáculos artísticos que provocam o pensamento reflexivo sobre questões de gênero e o papel da mulher na sociedade. Neste sábado (11/5), às 19h, o grupo Terra Cora se apresenta na Casa de Cultura do Campo Limpo (localizada na rua Aroldo de Azevedo, 100). Já no dia 26 de maio, às 15h, a Cia 4 Ventos apresenta “Tecendo Histórias” no mesmo endereço. Você pode conferir a programação completa do projeto clicando aqui.
“Mas não é só ver o teatro. É também abrir os olhos para outro mercado, o da criação da arte”, explica Roberto, que se define como alguém no lugar de “escuta”.
E no dia 25 de maio, o grupo vai participar de uma feira na praça do Parque Arariba (também na zona Sul) voltada para a venda e exposição dos projetos, juntamente ao lançamento de suas marcas recém-criadas, com direito a logotipo elaborado pela designer Sueli Rojas. As mãos empoderadas vão receber versões digitais dos logos preto e branca, colorida e sem fundo, etiquetas impressas para embalagem e cartões virtuais personalizados.
Como são as oficinas?
“Elas são muito participativas. Querem já aplicar. Acho que isso é o mais importante […] A gente precisa colocar em prática tudo que a gente aprende pra fixar”, conta Silvia Cunha, 44 anos, oficineira de Empreendedorismo.
Os encontros que ela ministra visam empoderar e ensinar sobre gestão, atendimento ao cliente e processo de vendas. Em resumo, desenvolver habilidades técnicas para destacar os dons que elas já possuem.
“O MEI é um começo. Começam os ganhos e elas vão ter que mudar o porte da empresa, recolher os impostos devidos. Então, às vezes, é nisso que a gente se perde”, destaca a professora, que mora em Santos, no litoral paulista.
Dona da marca Boutique Krioula e moradora do Capão Redondo (zona Sul), Michelle Fernandes, 40, dá aulas teóricas e motiva participantes a colocarem em prática os conhecimentos em marketing digital.
“Quando comecei a empreender não tinha ninguém para me ajudar, tipo, comecei a empreender, vender, não tinha noção de vendas, de marca, de finanças. Então quebrei muito a cara. Fui fazendo e errando muito […] Gosto de ajudar pessoas a não quebrarem a cara o tanto que quebrei”, aponta Michelle.
Em uma das oficinas, por exemplo, ela chegou a perguntar: “Quem está no Mercado Livre?”, estimulando que, ao saírem da classe, as pessoas pesquisassem como a concorrência vende na plataforma de comércio online. E, como a turma é muito participativa, a atividade rendeu bastante.
“As mulheres daqui são muito potentes, muito curiosas. Toda aula trago um tema e quando vejo, já discutimos sobre uns cinco temas diferentes […] Tá sendo bem gratificante ajudar, me contarem que conseguiram melhorar em alguma coisinha o negócio”, completa.
*Este texto é um publieditorial. A empresa Estima Cultural contratou a Periferia em Movimento para produzir uma reportagem a respeito do projeto Mãos Empoderadas
Paula Sant'Ana, Thiago Borges