Panelafro: Na zona Sul de São Paulo, festa fortalece cultura popular por meio de encontros, lazer e tradição

Panelafro: Na zona Sul de São Paulo, festa fortalece cultura popular por meio de encontros, lazer e tradição

Festa que acontece há mais de 20 anos reúne um público diverso mensalmente na quebrada com música e partilha de alimento

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Tempo de leitura: 9 minutos

Desde a década de 1990, o coletivo Espírito de Zumbi promove vivências de capoeira, dança e percussão na Casa Popular de Cultura M’Boi Mirim, na zona Sul de São Paulo. Mas o grupo decidiu ir além.

Incomodades com a falta de acesso e a discriminação à cultura preta, indígena e de terreiros, no início dos anos 2000 o grupo criou um evento. Desde então, toda última sexta-feira do mês acontece o Panelafro.

“A gente criou uma panela e jogou os ‘afros’ tudo dentro dela” – Jonas Barbosa, o Mestre Aràkùnrin, de 60 anos.

Morador do bairro Figueira, ele é compositor, cantor, poeta e arte-educador há 40 anos.

A cada edição, a festa promove durante 5 horas uma série de manifestações como maracatu, samba de roda, coco, ciranda, vivências de maculelê, rodas de capoeira e afoxé, que são transmitidos pelas mãos, pés e vozes do coletivo.

“Começamos a ir nas escolas ao redor e convidar os coordenadores pedagógicos, as professoras para trazer os alunos para cá, e a gente transformava o espaço numa sala de aula aberta. E aí ia ser esse contexto da importância do negro na sociedade, da cultura afro, dos ritmos, dos batuques, a importância da religiosidade de matriz africana (…) Também fomos aos terreiros e convidamos os pais de santo, as mães de santo, para vir fazer a abertura”, explica Aràkùnrin.

O Espírito de Zumbi se dedica o ano inteiro para que a festa aconteça. Quando uma edição termina, a próxima já começa a ser pensada. É durante os ensaios do grupo, que acontecem 2 vezes por semana, que elus decidem coletivamente convidades, tema, decoração e o prato que será servido.

Clique para ampliar e conferir como é a produção do Panelafro:

O evento acompanha gerações e se expandiu ao logo dos anos. Entre convidades, empreendedories e público, gente de toda a cidade já pisou neste chão, com acesso a lazer, cultura e valorização ancestral.

Nos últimos anos, o grupo optou por reduzir a marcha já que constroem essa movimentação autonomamente e pouco ou nenhum apoio financeiro. Figurinos, artigos de decoração e instrumentos foram todos comprados a partir de cachês recebidos por outros trabalhos. Muitos dos pratos servidos foram viabilizados pela mobilização em rede, a partir da arrecadação de fundos ou tirado do bolso das pessoas do coletivo.

Essa celebração permanece viva por conta da luta e resistência de uma comunidade que acredita e se movimenta para que semeiem, cultivem e colham o que a cultura popular oferece e que alarga os sentidos, aguçam o paladar, movimentam o corpo e alimentam a alma de muita gente.

 

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1 Comentário

  1. Elisangela Lucas disse:

    Gratidão pela visibilidade dada ao nosso trabalho. Vitori obrigada pelo seu olhar.
    Todos bem vindes para nossa festa que acontece toda última sexta-feira do mês a partir das 19:30h na Casa de Cultura M’Boi Mirim.
    Eli Lucas

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Desde a década de 1990, o coletivo Espírito de Zumbi promove vivências de capoeira, dança e percussão na Casa Popular de Cultura M’Boi Mirim, na zona Sul de São Paulo. Mas o grupo decidiu ir além.

Incomodades com a falta de acesso e a discriminação à cultura preta, indígena e de terreiros, no início dos anos 2000 o grupo criou um evento. Desde então, toda última sexta-feira do mês acontece o Panelafro.

“A gente criou uma panela e jogou os ‘afros’ tudo dentro dela” – Jonas Barbosa, o Mestre Aràkùnrin, de 60 anos.

Morador do bairro Figueira, ele é compositor, cantor, poeta e arte-educador há 40 anos.

A cada edição, a festa promove durante 5 horas uma série de manifestações como maracatu, samba de roda, coco, ciranda, vivências de maculelê, rodas de capoeira e afoxé, que são transmitidos pelas mãos, pés e vozes do coletivo.

“Começamos a ir nas escolas ao redor e convidar os coordenadores pedagógicos, as professoras para trazer os alunos para cá, e a gente transformava o espaço numa sala de aula aberta. E aí ia ser esse contexto da importância do negro na sociedade, da cultura afro, dos ritmos, dos batuques, a importância da religiosidade de matriz africana (…) Também fomos aos terreiros e convidamos os pais de santo, as mães de santo, para vir fazer a abertura”, explica Aràkùnrin.

O Espírito de Zumbi se dedica o ano inteiro para que a festa aconteça. Quando uma edição termina, a próxima já começa a ser pensada. É durante os ensaios do grupo, que acontecem 2 vezes por semana, que elus decidem coletivamente convidades, tema, decoração e o prato que será servido.

Clique para ampliar e conferir como é a produção do Panelafro:

O evento acompanha gerações e se expandiu ao logo dos anos. Entre convidades, empreendedories e público, gente de toda a cidade já pisou neste chão, com acesso a lazer, cultura e valorização ancestral.

Nos últimos anos, o grupo optou por reduzir a marcha já que constroem essa movimentação autonomamente e pouco ou nenhum apoio financeiro. Figurinos, artigos de decoração e instrumentos foram todos comprados a partir de cachês recebidos por outros trabalhos. Muitos dos pratos servidos foram viabilizados pela mobilização em rede, a partir da arrecadação de fundos ou tirado do bolso das pessoas do coletivo.

Essa celebração permanece viva por conta da luta e resistência de uma comunidade que acredita e se movimenta para que semeiem, cultivem e colham o que a cultura popular oferece e que alarga os sentidos, aguçam o paladar, movimentam o corpo e alimentam a alma de muita gente.

 

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