“O candomblé em si é a mulher, é maternal”, conta ekedji candomblecista

“O candomblé em si é a mulher, é maternal”, conta ekedji candomblecista

Rosy Agra é a terceira entrevistada da série "Mulheres de Fé", que apresenta mulheres periféricas de várias crenças engajadas em suas comunidades

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Tempo de leitura: 11 minutos

Entrevista por André Santos. Fotos de Pedro Salvador. Edição de texto: Thiago Borges. Artes: Rafael Cristiano. Distribuição: Vênuz Capel

“Antes de eu ser mãe, aos 24 anos, eu já era ‘mãe’ de outras pessoas. Eu tinha que escutar, aconselhar… A mulher em si é tudo dentro do candomblé. Casa de candomblé que não tenha mulher, acredito que não exista”

A analista administrativa Rosiris Agra, mais conhecida como Rosy, tem 35 anos e uma vida inteira dentro do terreiro. Iniciada no candomblé aos 14 anos, hoje ela é ekedji (mulher responsável por cuidar do orixá enquanto ele está incorporado) do Egbè Àse Obà Ògódò, em Taboão da Serra (município da região metropolitana de São Paulo), onde vive.

A casa de axé é chefiada por seu marido Rafael, que é babalorixá. O casal tem as filhas Ágatha, 11, e Anna Luíza, 4, ambas já iniciadas na religião. Grávida há 4 meses, Rosy divide o tempo entre o trabalho, a família e a religião, que tem grande influência em sua vida.

O candomblé é uma religião de matriz africana introduzida no Brasil em meados do século 18, em meio ao regime colonial. O termo candomblé vem da junção das palavras quimbundo ‘candombe’ (dança com atabaques) e do iorubá ‘ilê’ (casa), que significa casa da dança com atabaques.

Clique nas fotos para ampliar e confira trechos da entrevista em que ela fala de valores familiares, religiosos e a vida em sociedade.

Prioridade

“Meu lazer maior é minha família, é o que eu mais prezo. Minhas filhas, meu marido… eu sou muito apegada a isso. Desde criança meus pais frisaram isso, o quanto isso é importante”.

“A gente pensa muito nas meninas para que elas tenham atividades de criança, mesmo. A gente costuma viajar mesmo, ir pra praia, conhecer outras cidades, mesmo que não tenha condição financeira, a gente dá um jeitinho de fazer alguma coisa legal. A gente não pode esquecer que elas são crianças e precisam ter a infância delas”

“Quando a Anna Luíza estava de 3 pra 4 meses, a gente teve uma surpresa. Ficamos com ela no hospital 5, 6 dias no carnaval de 2019. Foi um desespero. Quando a gente saiu dali eu estava em casa, lavando louça, em um dia comum, aí o Rafael, que ia tomar [a obrigação] dos 7 anos, falou assim: ‘a Anna Luiza vai entrar comigo’. Aí a gente foi pro jogo de búzios e foi dito que a Anna Luiza tinha que se iniciar pro santo. De lá pra cá, eu nunca mais tive nenhum problema de saúde com ela”.

“Aos 9 anos a Ágatha decidiu que queria fazer o santo (…) Quando a Ágatha fez santo, minha filha mais velha, ela ficou careca. Eu tinha esse receio de ela ir pra escola, porque criança pergunta mesmo, não que tenha maldade. Aí fomos na escola, conversamos com a professora que ficou de conversar com os alunos e disse que não teria problema. E realmente não teve. Ela é muito decidida.”

Heranças

“Me iniciei aos 14 anos, tenho 21 anos de santo. O que me prende é o amor e a fé. Toda hora, seja em momentos de alegria ou tristeza, eu tenho algum sinal de que não tô só, e isso pra mim basta”

“Eu sou de Xangô com Iansã. Xangô tá na minha cabeça e Iansã é minha mãe. São pai e mãe, mas Iansã é muito presente na minha vida e guia meus caminhos. É engraçado, porque essa casa de hoje era da minha avó materna, que era de Iansã”

“A minha avó (materna) comprou esse terreno, fez o santo, mas por vontade de Deus e dos orixás, partiu e não chegou a tocar o terreiro. E quando ela foi embora, Iansã determinou que meu pai iria cuidar da casa, o genro de minha avó, e aí foi começou isso tudo aqui”.

“Eu escuto dos orixás e entidades que a força daqui sou eu. É engraçado porque ekedji não pode herdar um terreiro, mas aí vejo que Deus e os orixás colocaram Rafael no meu caminho, e aí é uma história que parece repetida, sabe? Porque a minha avó morreu e deixou pro genro, e hoje meu pai tem o Rafael, que é o genro dele. E ele sabe que, se ele partir, tem a confiança total que o Rafael vai assumir”.

A mulher no candomblé

“O candomblé em si é a mulher, é maternal. Antes de eu ser mãe, aos 24 anos, eu já era ‘mãe’ de outras pessoas. Eu tinha que escutar, aconselhar… a mulher é muito importante, desde os afazeres normais, um ritual, na cozinha principalmente. A mulher em si é tudo dentro do candomblé. Casa de candomblé que não tenha mulher, acredito que não exista.”

“Mulher é uma força muito grande, tem coisas que só a gente faz. O termo maternal, de ser mãe, cuidar, abraçar e acalentar, é mulher”

“Inclusive, o meu posto de ekedji é ocupado só por mulheres, assim como a gente tem os ogãs (médium responsável pelo canto e pelo toque dos atabaques), que só são homens. A gente sabe que hoje tem mulher que toca atabaque, e é normal, ela gosta, aprende e vai. Porém, quando começar o ritual, a mulher não vai tocar, porque não faz parte da função dela. Não existe. Orixá reconhece que se alguém manifestar, quem vai cuidar é a ekedji. Não vai ser um homem, tem que ser a mulher. Nós temos essa missão de cuidar, zelar, saber o que o orixá quer, de auxiliar”.

Ensinamentos

“Orixá é tudo. É o ar que eu respiro quando eu levanto de manhã e coloco o pé na rua, é pra quem eu peço durante uma entrevista de emprego, ou quando não tô muito legal”.

“Isso aqui é de orixá, então as pessoas que entrarem aqui têm que se sentir acolhidas, né? Elas têm que saber que aqui elas vão entrar feridas e vão sair curadas, de alguma forma”.

“Se eu não tô bem hoje, eu tô aflita, eu tô ansiosa, eu tô angustiada… eu vou entrar aqui, vou chorar, se tiver que chorar, sorrir, vou ter um abraço e eu vou sair daqui melhor sabendo que a minha fé consegue me transformar nisso, né?”.

“O que levo daqui e tento ensinar para as minhas filhas é que você precisa ser verdadeiro, transparente, escutar muito seu coração… existem medos e inseguranças, mas você sabe que não está só. O que eu prezo muito e tento passar pras minhas filhas é: seja verdadeiro, fale a verdade, se coloque no lugar do outro”

“É saber se colocar no lugar do próximo. Eu sou muito de acolher, embora eu possa parecer um pouquinho brava pras meninas daqui, porque eu gosto que as coisas sejam certas e tenhamos seriedade. Se você me procurar pra bater um papo, eu vou, mesmo que eu não esteja bem. E aí, vou te dar uma palavra que você vai sair melhorzinho. Se me apertar, eu choro, aí a gente chora junto”

Sem muros

“As pessoas ainda têm muito preconceito, mas elas não sabem que a gente também acolhe e ajuda as pessoas que estão lá fora. Isso é um pouco desconhecido, mas o pouco que a gente tem, conseguimos doar e ajudar de alguma forma”.

“No último dia 2 de julho, fizemos a entrega de roupas e sopas. Desde 2017, meu marido tem a missão de ir até a região da República, na Sé, e distribuímos 300 marmitas, roupas. E percebemos que esse ano aumentou muito o pessoal que está morando na rua”.

“Aqui, a gente tem Outubro Rosa, vêm enfermeiras pra aferir glicemia, pressão alta, massagem para as mulheres. Em setembro, tem a festa de Erê, que é aberta para a comunidade”.

“A gente tá sempre fazendo alguma coisa para ajudar. A gente tem um grupo no whatsapp, aí ele manda: ‘olha, tem uma família que está precisando’, e a galera traz [mantimentos]. Quando tem toque de Exú, que é quando o Exú da casa atende às pessoas de fora, a gente sempre pede pras pessoas trazerem ‘o que tocar no coração’, e elas trazem”.

Aceitação 

“O candomblé em si ainda enfrenta o preconceito, mas já consigo reparar que, se estou no metrô, no ônibus, é mais fácil encontrar pessoas usando guias. As pessoas não têm mais esse medo. Hoje, se eu for numa entrevista, eu falo que sou do candomblé, antigamente não era assim”

“A gente transita aqui na região do jeito que eu tô. Se eu for ao mercado, vou assim, se eu for na padaria, vou assim. As pessoas respeitam, um ou outro olha ‘meio assim’, mas faz parte”

“A gente não tem que ter vergonha. É o que falei, as pessoas não conhecem de fato dentro de uma casa de candomblé. Ela acha que a gente tá ali pra fazer o mal pro outro. Se eu fizer algum mal pra você, lá na frente eu vou colher isso. O que eu pedir pro outro pode voltar pra mim. A gente pode não gostar, mas o respeito tem que ter”

“Seria muito bom se as pessoas pudessem enxergar as casas de candomblé de outra forma, saber que aqui dentro a gente também acolhe, escuta. Esse lado do candomblé é muito importante, mas as pessoas não conhecem. Ainda.”

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Entrevista por André Santos. Fotos de Pedro Salvador. Edição de texto: Thiago Borges. Artes: Rafael Cristiano. Distribuição: Vênuz Capel

“Antes de eu ser mãe, aos 24 anos, eu já era ‘mãe’ de outras pessoas. Eu tinha que escutar, aconselhar… A mulher em si é tudo dentro do candomblé. Casa de candomblé que não tenha mulher, acredito que não exista”

A analista administrativa Rosiris Agra, mais conhecida como Rosy, tem 35 anos e uma vida inteira dentro do terreiro. Iniciada no candomblé aos 14 anos, hoje ela é ekedji (mulher responsável por cuidar do orixá enquanto ele está incorporado) do Egbè Àse Obà Ògódò, em Taboão da Serra (município da região metropolitana de São Paulo), onde vive.

A casa de axé é chefiada por seu marido Rafael, que é babalorixá. O casal tem as filhas Ágatha, 11, e Anna Luíza, 4, ambas já iniciadas na religião. Grávida há 4 meses, Rosy divide o tempo entre o trabalho, a família e a religião, que tem grande influência em sua vida.

O candomblé é uma religião de matriz africana introduzida no Brasil em meados do século 18, em meio ao regime colonial. O termo candomblé vem da junção das palavras quimbundo ‘candombe’ (dança com atabaques) e do iorubá ‘ilê’ (casa), que significa casa da dança com atabaques.

Clique nas fotos para ampliar e confira trechos da entrevista em que ela fala de valores familiares, religiosos e a vida em sociedade.

Prioridade

“Meu lazer maior é minha família, é o que eu mais prezo. Minhas filhas, meu marido… eu sou muito apegada a isso. Desde criança meus pais frisaram isso, o quanto isso é importante”.

“A gente pensa muito nas meninas para que elas tenham atividades de criança, mesmo. A gente costuma viajar mesmo, ir pra praia, conhecer outras cidades, mesmo que não tenha condição financeira, a gente dá um jeitinho de fazer alguma coisa legal. A gente não pode esquecer que elas são crianças e precisam ter a infância delas”

“Quando a Anna Luíza estava de 3 pra 4 meses, a gente teve uma surpresa. Ficamos com ela no hospital 5, 6 dias no carnaval de 2019. Foi um desespero. Quando a gente saiu dali eu estava em casa, lavando louça, em um dia comum, aí o Rafael, que ia tomar [a obrigação] dos 7 anos, falou assim: ‘a Anna Luiza vai entrar comigo’. Aí a gente foi pro jogo de búzios e foi dito que a Anna Luiza tinha que se iniciar pro santo. De lá pra cá, eu nunca mais tive nenhum problema de saúde com ela”.

“Aos 9 anos a Ágatha decidiu que queria fazer o santo (…) Quando a Ágatha fez santo, minha filha mais velha, ela ficou careca. Eu tinha esse receio de ela ir pra escola, porque criança pergunta mesmo, não que tenha maldade. Aí fomos na escola, conversamos com a professora que ficou de conversar com os alunos e disse que não teria problema. E realmente não teve. Ela é muito decidida.”

Heranças

“Me iniciei aos 14 anos, tenho 21 anos de santo. O que me prende é o amor e a fé. Toda hora, seja em momentos de alegria ou tristeza, eu tenho algum sinal de que não tô só, e isso pra mim basta”

“Eu sou de Xangô com Iansã. Xangô tá na minha cabeça e Iansã é minha mãe. São pai e mãe, mas Iansã é muito presente na minha vida e guia meus caminhos. É engraçado, porque essa casa de hoje era da minha avó materna, que era de Iansã”

“A minha avó (materna) comprou esse terreno, fez o santo, mas por vontade de Deus e dos orixás, partiu e não chegou a tocar o terreiro. E quando ela foi embora, Iansã determinou que meu pai iria cuidar da casa, o genro de minha avó, e aí foi começou isso tudo aqui”.

“Eu escuto dos orixás e entidades que a força daqui sou eu. É engraçado porque ekedji não pode herdar um terreiro, mas aí vejo que Deus e os orixás colocaram Rafael no meu caminho, e aí é uma história que parece repetida, sabe? Porque a minha avó morreu e deixou pro genro, e hoje meu pai tem o Rafael, que é o genro dele. E ele sabe que, se ele partir, tem a confiança total que o Rafael vai assumir”.

A mulher no candomblé

“O candomblé em si é a mulher, é maternal. Antes de eu ser mãe, aos 24 anos, eu já era ‘mãe’ de outras pessoas. Eu tinha que escutar, aconselhar… a mulher é muito importante, desde os afazeres normais, um ritual, na cozinha principalmente. A mulher em si é tudo dentro do candomblé. Casa de candomblé que não tenha mulher, acredito que não exista.”

“Mulher é uma força muito grande, tem coisas que só a gente faz. O termo maternal, de ser mãe, cuidar, abraçar e acalentar, é mulher”

“Inclusive, o meu posto de ekedji é ocupado só por mulheres, assim como a gente tem os ogãs (médium responsável pelo canto e pelo toque dos atabaques), que só são homens. A gente sabe que hoje tem mulher que toca atabaque, e é normal, ela gosta, aprende e vai. Porém, quando começar o ritual, a mulher não vai tocar, porque não faz parte da função dela. Não existe. Orixá reconhece que se alguém manifestar, quem vai cuidar é a ekedji. Não vai ser um homem, tem que ser a mulher. Nós temos essa missão de cuidar, zelar, saber o que o orixá quer, de auxiliar”.

Ensinamentos

“Orixá é tudo. É o ar que eu respiro quando eu levanto de manhã e coloco o pé na rua, é pra quem eu peço durante uma entrevista de emprego, ou quando não tô muito legal”.

“Isso aqui é de orixá, então as pessoas que entrarem aqui têm que se sentir acolhidas, né? Elas têm que saber que aqui elas vão entrar feridas e vão sair curadas, de alguma forma”.

“Se eu não tô bem hoje, eu tô aflita, eu tô ansiosa, eu tô angustiada… eu vou entrar aqui, vou chorar, se tiver que chorar, sorrir, vou ter um abraço e eu vou sair daqui melhor sabendo que a minha fé consegue me transformar nisso, né?”.

“O que levo daqui e tento ensinar para as minhas filhas é que você precisa ser verdadeiro, transparente, escutar muito seu coração… existem medos e inseguranças, mas você sabe que não está só. O que eu prezo muito e tento passar pras minhas filhas é: seja verdadeiro, fale a verdade, se coloque no lugar do outro”

“É saber se colocar no lugar do próximo. Eu sou muito de acolher, embora eu possa parecer um pouquinho brava pras meninas daqui, porque eu gosto que as coisas sejam certas e tenhamos seriedade. Se você me procurar pra bater um papo, eu vou, mesmo que eu não esteja bem. E aí, vou te dar uma palavra que você vai sair melhorzinho. Se me apertar, eu choro, aí a gente chora junto”

Sem muros

“As pessoas ainda têm muito preconceito, mas elas não sabem que a gente também acolhe e ajuda as pessoas que estão lá fora. Isso é um pouco desconhecido, mas o pouco que a gente tem, conseguimos doar e ajudar de alguma forma”.

“No último dia 2 de julho, fizemos a entrega de roupas e sopas. Desde 2017, meu marido tem a missão de ir até a região da República, na Sé, e distribuímos 300 marmitas, roupas. E percebemos que esse ano aumentou muito o pessoal que está morando na rua”.

“Aqui, a gente tem Outubro Rosa, vêm enfermeiras pra aferir glicemia, pressão alta, massagem para as mulheres. Em setembro, tem a festa de Erê, que é aberta para a comunidade”.

“A gente tá sempre fazendo alguma coisa para ajudar. A gente tem um grupo no whatsapp, aí ele manda: ‘olha, tem uma família que está precisando’, e a galera traz [mantimentos]. Quando tem toque de Exú, que é quando o Exú da casa atende às pessoas de fora, a gente sempre pede pras pessoas trazerem ‘o que tocar no coração’, e elas trazem”.

Aceitação 

“O candomblé em si ainda enfrenta o preconceito, mas já consigo reparar que, se estou no metrô, no ônibus, é mais fácil encontrar pessoas usando guias. As pessoas não têm mais esse medo. Hoje, se eu for numa entrevista, eu falo que sou do candomblé, antigamente não era assim”

“A gente transita aqui na região do jeito que eu tô. Se eu for ao mercado, vou assim, se eu for na padaria, vou assim. As pessoas respeitam, um ou outro olha ‘meio assim’, mas faz parte”

“A gente não tem que ter vergonha. É o que falei, as pessoas não conhecem de fato dentro de uma casa de candomblé. Ela acha que a gente tá ali pra fazer o mal pro outro. Se eu fizer algum mal pra você, lá na frente eu vou colher isso. O que eu pedir pro outro pode voltar pra mim. A gente pode não gostar, mas o respeito tem que ter”

“Seria muito bom se as pessoas pudessem enxergar as casas de candomblé de outra forma, saber que aqui dentro a gente também acolhe, escuta. Esse lado do candomblé é muito importante, mas as pessoas não conhecem. Ainda.”

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