Movimentos sociais e poder público debatem combate à fome e direito à “comida de verdade”

Movimentos sociais e poder público debatem combate à fome e direito à “comida de verdade”

Evento gratuito reúne iniciativas e movimentos populares, poder público e legislativo no Sesc Pinheiros para apresentar e encaminhar propostas

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Tempo de leitura: 7 minutos

Texto por Thiago Borges. Fotos: Felipe Valentim

Como formular e implementar práticas comunitárias e políticas públicas para garantir alimento no prato e, mais do que isso, o acesso a uma comida saudável e sem veneno pela população? Com esse objetivo, o encontro Praça das Ideias – Redes comunitárias, agroecologia, segurança e soberania alimentar reúne comunidades periféricas, organizações, movimentos sociais e representantes do poder público para discutir e encaminhar propostas.

O evento é realizado pela Rede Pontinhos e Sesc Pinheiros, que recebe as atividades neste sábado e domingo (25 e 26/3), das 10h às 18h. A participação é gratuita (confira a programação no final do texto). O encontro faz parte da Ação em Rede Territórios do Comum do Sesc São Paulo, que reúne as áreas de Educação para Acessibilidade, Educação para Sustentabilidade e Valorização Social para contribuir com processos de cidadania ativa, desenvolvimento local, articulação e valorização de iniciativas sociais.

“Consideramos muito relevantes os repertórios construídos nos territórios onde estamos inseridos. O engajamento social é uma das estratégias fundamentais na construção permanente da cidadania e está presente em várias formas de organização da sociedade civil, como instituições, movimentos sociais e coletivos”, ressalta Jailton Carvalho, animador sociocultural no Sesc Pinheiros.

Entre participantes do encontro, estão representantes da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Trabalho, do Conselho Municipal de Segurança Alimentar, do poder legislativo federal e paulistano e de iniciativas como o Instituto Kairós, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e a Cooperativa Livres de Santos, entre outros.

Experiências práticas contra a fome

Com 33 milhões de pessoas sem ter o suficiente para colocar na mesa, segundo último levantamento da Rede PENSSAN, a fome voltou a ser uma preocupação da sociedade brasileira. E, para além de garantir comida no prato, é necessário assegurar que esse alimento seja saudável, sem veneno e oriundo de uma produção sustentável.

“É preciso considerar o momento histórico em que a gente está. Estamos debatendo alimentação na periferia desde a pandemia, em que a gente abordou como não passar fome. Agora, debatemos que não vamos passar fome, mas também não vamos comprar qualquer coisa nem de qualquer um”, aponta Felipe Valentim, educador no Espaço Cultural Cachoeiras. “Se há fome no país que mais produz alimentos no mundo, é porque há um sistema que permite isso, porque produz visando o lucro e não o direito à alimentação”, continua.

A Rede Pontinhos é uma articulação do Empreendimento Orgânicos no Ponto do Ponto de Economia Solidária do Butantã, da Associação Vida em Ação, do Espaço Cultural Cachoeiras e da Associação Sociedade Alternativa. Há pouco mais de um ano, a Rede trabalha para criar locais estratégicos de geração de trabalho e renda nas periferias da zona Oeste, de forma sustentável, a partir da venda de alimentos orgânicos, agroecológicos e provenientes da agricultura familiar e de hortas urbanas, assim como de produtos e serviços locais.

A iniciativa dos Pontinhos de Ecosol do Conselho Gestor Ponto de Economia Solidária foi aprovada no orçamento participativo, mas não executada pelo poder público municipal. De toda forma, se baseia em experiências bem sucedidas na região, como o caso do Ponto de Economia Solidária do Butantã. Desde 2016, o equipamento público do Sistema Único de Saúde (SUS) em parceria com a sociedade civil organizada, movimentos sociais, universidades e comunidade, articula os direitos à saúde mental, ao trabalho solidário, à comida de verdade e à cidade.

Já na Cohab Raposo Tavares, o Espaço Cultural Cachoeiras desenvolveu um empreendimento solidário para venda de alimentos orgânicos e agroecológicos no período mais crítico da pandemia de coronavírus. Com os recursos obtidos na comercialização, a iniciativa conseguiu bancar a distribuição de cestas para famílias sem condições financeiras para comprar.

E na comunidade Viela da Paz, próximo à divisa com o município de Taboão da Serra, a Associação Sociedade Alternativa desenvolve a Agência de Desenvolvimento Comunitário, o Banco Comunitário, que gerencia um Fundo Rotativo Solidário para financiamentos solidários e investimento em  horta comunitária e  um sistema de geração de energia solar.

Agora, a Rede Pontinhos defende que experiências dessas e de outras iniciativas comunitárias possam embasar e pautar o Estado na elaboração e execução de políticas públicas que garantam a segurança e soberania alimentar, com desenvolvimento local, sustentável e solidário.

 

Serviço – Praça das Ideias

Quando? Sábado e domingo, dias 25 e 26 de março, das 10h e às 14h30

Onde? Na sala de oficinas (2º andar) do Sesc Pinheiros, que fica na rua Pais Leme, 195, na zona Oeste de São Paulo. Inscrições gratuitas no local meia hora antes do início das atividades. Vagas limitadas.

Programação

Sábado (25/3)

10h – Café da manhã

10h30 às 13h – Mesa: As políticas públicas de produção, comercialização e consumo de comida de verdade.

Com participação de representantes da Secretaria Municipal do Desenvolvimento e Trabalho de São Paulo; do Instituto Fome Zero; do Espaço Cultural Cachoeira e da Rede Pontinhos.

13h às 14h30 – Almoço

14h30 às 16h30 – Mesa: Fortalecimento da intersetorialidade entre o Poder Público, Conselhos e a Sociedade civil organizada.

Com participação de representantes do Conselho Municipal de Soberania Alimentar (Comusan); do Instituto Kairós; e dos poderes legislativos federal e do município de São Paulo

17h30 – Encerramento – Apresentação do Cordão Bibitantã

 

Domingo (26/3)

10h – Café da manhã

10h30 às 13h – Mesa: Redes solidárias na luta pela soberania alimentar no campo e na cidade.

Com a participação da Horta Urbana ZL; do Armazém do Campo do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) de São Paulo; do MST Iperó; do Instituto Terra Viva de Sorocaba; e da Coop Livres de Santos.

13h às 14h30 – Almoço

14h30 às 17h30 – Plenária com síntese e deliberação de propostas com a Rede Pontinhos e a Universidade Aberta de Economia Solidária.

17h30 – Encerramento com o Coral Cênico Cidadãos Cantantes

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