Gustavo Cruz Xavier, 14 anos.
Marcos Paulo Oliveira Santos, 16 anos.
Denys Henrique Quirino da Silva, 16 anos.
Dennys Guilherme dos Santos Franca, 16 anos.
Luara Victoria de Oliveira, 18 anos.
Gabriel Rogério de Moraes, 20 anos.
Eduardo Silva, 21 anos.
Bruno Gabriel dos Santos, 22 anos
Mateus dos Santos Costa, 23 anos.
Um. Dois. Três. Quatro. Cinco. Seis. Sete. Oito. Nove.
Por meio de ação da Polícia Militar, na madrugada do último domingo (01/12) o Estado de São Paulo matou 09 jovens no Baile da DZ7, em Paraisópolis, uma das maiores favelas da capital paulista. Ao perseguir, encurralar e causar terror na favela, a Polícia Militar do Estado de São Paulo interrompeu trajetórias, possibilidades e sonhos.
“A polícia vai atirar pra matar”, disse João Doria no ano passado, prestes a assumir o Governo do Estado de São Paulo. “Vai mirar na cabecinha e… fogo”, prometeu também em 2018 Wilson Witzel, atual governador do vizinho Rio de Janeiro. “Vão morrer igual barata”, proferiu o atual ocupante da Presidência da República, em agosto de 2019, defendendo licença pra matar aos policiais. “É como artilheiro em frente ao gol”, comparou Rui Costa, governador petista da Bahia reeleito ano passado, após a chacina do Cabula em que a polícia deixou 12 mortos em 2015, pra mostrar que o projeto genocida é apartidário.
Da direita à esquerda no poder, com maior ou menor verniz autoritário, o Estado é sempre racista. E como braço armado, as forças policiais executam a política de extermínio físico de corpos indesejados: dessa vez, foi em Paraisópolis. Mas poderia ser em Guarulhos, no Jardim Rosana, em Osasco, na Cidade de Deus ou na Maré (Rio de Janeiro), no Jurunas (Belém) ou em qualquer periferia do Brasil.
Em 2014, quando o golpe militar completou 50 anos, Débora Silva Maria (uma das Mães de Maio que lutam contra a violência estatal) já tinha dado a letra: “A ditadura continua nas periferias”.
Hoje, com os discursos de opressão em alta, palavras ditas ao vento por quem ocupa os cargos públicos são mais do que uma permissão: viram ordem para que a matança aconteça nas ruas.
O delegado do caso generaliza: frequentadores do pancadão “roubariam” veículos para ir ao baile, aonde usariam drogas e engravidariam adolescentes. A mídia do centro sustenta a versão dos policiais: a perseguição a dois assaltantes numa moto foi o ponto de partida para que tudo acontecesse. E complementa: os bailes funk “incomodam” muita gente e isso tava previsto de acontecer. Nas caixas de comentários da internet, usuários relativizam e comemoram as mortes: “se estivesse em casa ou na igreja, estaria vivo”, “não tem santo nesse tipo de bagunça”, “nada de bom pode sair de um pancadão”.
No fim das contas, parece não importar que as vítimas eram jovens e adolescentes em busca de diversão – como qualquer um nessa faixa etária. Mas criminalizam nosso CEP, a classe social e a cor da pele, e isso determina o tratamento que devemos receber na cidade e em nosso próprio território. Seguimos sendo desumanizados, convencidos de que não podemos sonhar ou almejar apenas migalhas capitalistas.
Gustavo, Marcos, Denys, Dennys, Luara, Gabriel, Eduardo, Bruno e Mateus. Poderia ser um de nossos conhecidos, vizinhos, amigos, irmãos, filhos. Poderia ser a gente.
Nossa juventude é potência. Por eles, por nós, por nossos direitos: precisamos nos organizar, revidar e encurralar o Estado de volta.
Ato na SSP
Nesta quarta-feira (04/12), a Coalizão Negra por Direitos convoca um ato às 17h na Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo – rua Líbero Badaró, 39 – centro da capital paulista. Saiba mais aqui.
A foto em destaque neste texto é do evento no facebook da Coalizão.
Redação PEM
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[…] A última terça-feira (10/12) marcou o 71º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que entre outros pontos reconhece a igualdade e a liberdade para todos os seres humanos e garante o direito à vida e meios para subsistência. E nessa mesma semana, a população de Paraisópolis reivindica a direitos humanos pra favela após um massacre estatal que deixou 09 jovens mortos. […]
[…] lama em Brumadinho ao bailão em Paraisópolis, dos 80 tiros a esmo aos chicotes que estralaram nos fundos do mercadinho, fomos soterrados de […]
[…] da favela de Paraisópolis, Glória Maria acompanhou com a comunidade o desenrolar do Massacre no Baile da DZ7, promovido pelo Estado de São Paulo por meio da Polícia Militar resultando na morte de 09 jovens. […]
[…] Vinda do Haiti direto para a favela de Paraisópolis, Gloria Maria encontrou vizinhas e vizinhos mobilizados nas ruas em busca de justiça. Na última segunda-feira (09/03), completaram-se 100 dias da ação policial que deixou 09 mortos no Baile da DZ7. […]
[…] vale lembrar que, há pouco mais de 04 meses, esse mesmo Estado matou 09 jovens no baile funk da DZ7. Paraisópolis não tá fazendo isso porque a comunidade é diferenciada. É que ninguém mais […]
[…] quarta-feira (1/12), completam-se 2 anos que essas jovens vidas foram ceifadas pelo Estado de São Paulo. Naquela madrugada de 2019, os garotos e a menina participavam do Baile da DZ7, conhecido pancadão […]