Um espaço pra pensar e cuidar da saúde das mulheres na periferia

Um espaço pra pensar e cuidar da saúde das mulheres na periferia

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Tempo de leitura: 4 minutos

Fotos e reportagem por Carolina Messias. Edição: Thiago Borges

“O médico me disse que não poderia solicitar o exame papanicolau porque eu era virgem, mesmo eu dizendo que já havia tido relações com mulheres. Tive que me relacionar com um homem para perder a virgindade, voltar ao médico e fazer meu exame”.

O relato acima, feito no final de agosto durante o evento “O Protagonismo é Sapatão”, ilustra uma realidade vivida por mulheres lésbicas e bissexuais: essa parcela da população não encontra assistência correta de médicos e, no consultório, lida com a falta de empatia e embasamento acadêmico para lidar com o assunto.

A reportagem da Periferia em Movimento escutou relatos de que há ginecologistas que se negam a solicitar exames simples de rotina, como o papanicolau, por conta da sexualidade das pacientes; ou até mulheres que se relacionam com outras mulheres há anos e que nunca fizeram esses exames.

Por conta dessa falta de informação e, consequentemente da violação de direitos, as meninas deixam de se cuidar – o que pode acarretar num problema posteriormente. Uma pesquisa realizada em 2017 pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) com 150 mulheres lésbicas mostrou que 47,3% delas tinham algum tipo de IST (Infecção Sexualmente Transmissível).

A Bordar Espaço Terapêutico: aberto para mulheres (Foto: Carolina Messias)

Daí, a importância do encontro promovido pelo A Bordar Espaço Terapêutico no mês da Visibilidade Lésbica. O evento marcou a reabertura da casa, que foi furtada recentemente. Além da roda de conversa sobre saúde sexual de lésbicas e bissexuais com a jornalista Larissa Darc, o evento teve show da atriz e cantora Fabiana Pimenta e a comida servida pela La Fancha – Casa Restaurante, que serviu “piriquitas recheadas”.

“Casa de vó”

Composto por 04 psicólogas, o A Bordar é um espaço criado com a intenção de “deselitizar” o serviço de saúde mental e promovê-lo para as mulheres da periferia, já que geralmente não conseguimos custear o valor de uma sessão. As idealizadoras ressaltam que não querem parecer uma clínica, e sim como são reconhecidas: “casa de vó”.

A iniciativa atua em três frentes de atividade: atendimento com psicoterapia, acupuntura, hipnose e terapia orgástica; mobilização de ações abertas na casa ou em outros espaços; e formação e divisão de conhecimento, com cursos e oficinas.

O A Bordar fica na avenida Lourenço Cabreira, 489 – Jardim Ana Lucia, Extremo Sul de São Paulo. Para saber mais, acesse a página do facebook. Clique aqui.

Evento “O Protagonismo É Sapatão”, que aconteceu em agosto de 2019 Foto: Carolina Messias)

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