Como sua quebrada é vista no restante da cidade?
Nascido e criado no Jardim Ângela, Marcelo Silva Rocha cresceu diante da omissão do Estado e da violência que atingiu essa periferia da Zona Sul de São Paulo nos anos 1990 – quando a região chegou a ser considerada a mais violenta do mundo. E na mesma época, encontrou nos Racionais MCs e em outros agentes dos quatro elementos do Hip Hop um meio de fortalecer a própria identidade. “Eu vivi essa transição pela cultura”, diz ele, que ficou conhecido como DJ Bola.
Bola faz parte do #NossoBonde, série que a Periferia em Movimento publica todas as segundas-feiras de 2019. Neste ano em que completamos uma década de jornalismo de quebrada, convidamos moradoras e moradores das quebradas que nos ajudaram a refletir sobre a realidade na perspectiva periférica ao longo desse período – e, também, pra saber como imaginam os próximos 10 anos.
Atualmente com 38 anos de idade e pai de três crianças, o Bola é referência pelo trabalho que faz na A Banca. Fundada em 1999 como movimento juvenil, A Banca é uma produtora cultural social de impacto positivo que utiliza a música, a cultura Hip Hop, a educação popular e a tecnologia para promover a inclusão, fortalecer a identidade e o empreendedorismo juvenil da periferia.
“O que mudou de 10 anos pra cá é que essa mesma quebrada que eu vivo veio se transformando em um espaço potente de ideias de pessoas que nascem aqui e conseguem conectar o seu sonho com o que é preciso fazer. A quebrada, que era o lugar mais violento do mundo, hoje é uma das maiores potências do mundo que utilizam a economia criativa, negócios sociais, a cultura, a música, a arte pra sobreviver e impactar as pessoas. Essa é uma percepção da mudança no meu território”
Marcelo Rocha, fundador da A Banca e morador do Jardim Ângela, zona Sul de São Paulo
Além dos eventos relacionados à cultura, A Banca promove a capacitação e conexão de outras iniciativas de quebrada com o Fórum e Aceleradora NIP (Negócios de Impacto Periféricos) com a proposta de aprimorar as ações de grupos, coletivos e empresas periféricas na resolução de problemas cotidianos das próprias periferias em diferentes áreas – da saúde à educação, do meio ambiente à moradia. A Periferia em Movimento, inclusive, participou do processo no segundo semestre de 2018.
“A periferia tem muitas necessidades, mas também tem muitas riquezas. Muitas pessoas que estão vivendo seus sonhos e sendo resilientes com essa fase de governo que vem prejudicando quem está na ponta, na base da pirâmide”, observa Bola. “A periferia vai trazer diversas curas e metodologias pra gente rever nosso jeito de viver enquanto sociedade”.
Thiago Borges
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