O Usina de Valores, projeto liderado pelo Instituto Vladimir Herzog com objetivo de combater discursos de ódio, realiza nesta quarta-feira (31 de outubro) um debate público para o lançamento da campanha “Quarenta dias de oração e serviço pelos Direitos Humanos”. A data é simbólica por marcar os 501 anos da Reforma Protestante e os 43 anos da missa que reuniu milhares de pessoas na catedral da Sé em memória do jornalista Vladimir Herzog, assassinado por denunciar a ditadura militar. Aberto ao público, o evento acontece no Teatro Commune, centro de São Paulo, ás 19h.
Essa é a primeira de várias atividades que acontecerão em diferentes regiões do Brasil entre os dias 1 de novembro e 10 de dezembro, dia em que se celebram os 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Diante do atual contexto político, o objetivo é promover um calendário de eventos para evidenciar como a Bíblia se relaciona com a necessidade de defender os direitos sociais e a democracia.
Por quê?
No debate de lançamento, o objetivo é dialogar sobre o papel das igrejas evangélicas no atual momento político do Brasil. Para essa conversa, está confirmada a presença de Anivaldo Padilha, pastor metodista, um dos fundadores de Koinonia, referência evangélica na luta contra a ditadura militar; Pedro Abramovay, diretor para a América Latina da Open Society Foundation; Nilza Valéria, jornalista e uma das coordenadoras da Frente Evangélica pelo Estado Democrático de Direito; Daniel Chechio, pastor da Igreja Batista do Bexiga e um dos fundadores da Rede Social do Centro; Silvio Almeida, professor das universidades Mackenzie e Fundação Getúlio Vargas, presidente do Instituto Luiz Gama e autor de “O que é Racismo Estrutural”; Sarah de Roure, representante da Christian Aid no Brasil; Frei David, referência católica da pastoral afro e fundador da Educafro; e Katia Ezoite Teixeira, teóloga e pastora da igreja evangélica “Projeto Além do Nosso Olhar”, em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro.
“É muito simbólico que este encontro aconteça no mesmo dia em que, décadas atrás, diferentes religiões se uniram em repúdio a ditadura militar que assassinou Vladimir Herzog e tantas outras pessoas. Principalmente agora, que revivemos um clima político de ameaça extrema aos direitos humanos e a seus defensores”, disse Rogério Sottili, diretor executivo do Instituto Vladimir Herzog.
Os curadores do debate e das ações que farão parte da campanha “Quarenta dias de oração e serviço pelos direitos humanos” são os teólogos e ativistas Ronilso Pacheco, pastor auxiliar na Comunidade Batista, em São Gonçalo (RJ), e João Luiz Moura, pesquisador da relação entre religião e direitos humanos.
De acordo com o Censo 2010, 22% dos brasileiros se declaram evangélicos. Além disso, estudo do IBGE aponta que este número tende a crescer e a superar o índice de católicos nos próximos anos. Para Ronilso Pacheco, a campanha e o debate mostram o quanto o campo evangélico não está alheio à importância dos direitos humanos.
“Há uma pluralidade de narrativas muito grande na comunidade evangélica do Brasil. E existe uma parcela considerável de cristãos que tem atuado em defesa dos direitos humanos”, concluiu.
O calendário oficial será disponibilizado no dia 31 de outubro, durante o evento de lançamento, e também poderá ser acompanhado pelo site do Usina de Valores.