Chacina na Brasilândia tem silêncio da imprensa

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Tempo de leitura: 3 minutos

Por Isabella Amaral, na Revista Vaidapé

Madrugada da quarta-feira, 16 de abril, véspera da Páscoa. O relógio marca duas da manhã. No Jardim Elisa Maria, na Vila Brasilândia, na zona norte de São Paulo, uma chacina. Dois homens de toca, vestidos de preto, chegam a pé à Praça dos Sete Meninos, ordenam aos cinco jovens que lá estavam a deitarem no chão e abrem fogo.

Marcus Vinicius de Oliveira, 22, e um jovem não identificado morrem no local. Cleiton Martins de Oliveira, 18, é socorrido pelo SAMU e morre no Hospital Mandaqui – a 15 minutos da praça. Rodrigo de Souza, 29, permanece internado. Eberto Silva de Castro, 23, segue em estado inconsciente depois de ser agredido na cabeça.

A ocorrência foi registrada por policiais da 72º Distrito Policial da Vila Penteado e a Delegacia Estadual de Homicídios e Proteção a Pessoa realizou perícia no local, mas não encontrou testemunhas para contribuir com a investigação. Além disso, a praça não é coberta por câmeras de segurança. Os familiares dos jovens evitaram comentar o caso em público por medo de represálias.

A Praça dos Sete Meninos leva este nome para relembrar os sete adolescentes assassinados no local em 2007. Em outubro do ano passado, Douglas Rodrigues, de 17 anos, foi assassinado por um Policial Militar. Há duas semanas, foi a vez de Leonardo Vieira dos Santos.

Moradores da região contam que os jovens frequentavam a praça para andar de skate e que, no momento da abordagem, bebiam e usavam lança-perfume, mas que nunca possuíram envolvimento com o crime. No domingo de Páscoa, a comunidade prestou homenagem aos cinco garotos durante o Samba Bowl, evento realizado mensalmente na praça. Aproximadamente cem pessoas acenderam velas e vestiram camisetas com dizeres clamando por justiça e paz.

Apesar de chocante, o episódio não foi noticiado pelos grandes veículos de comunicação. Quem são os homens? Quais seus motivos para tirar a vida de cinco jovens? Estão a mando de alguém? Perguntas que não entraram na pauta da imprensa tradicional.

É mais um caso de violência nas periferias da cidade de São Paulo que não ganhou a devida atenção. Uma imprensa que vive de divulgar tragédias e matérias sensacionalistas para ganhar audiência não se empenhou em noticiar que cinco jovens foram atacados por dois homens encapuzados na madrugada em uma praça de seu bairro.

Três mortos, um inconsciente e um internado: resultado da perpetuação de uma política que cada vez mais extermina os jovens moradores das periferias dos grandes centros urbanos e tem no mórbido silêncio da imprensa uma grande arma.

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