João Teixeira, de 62 anos, está insatisfeito: em fevereiro, ele pagou R$ 35 à Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) por 7 metros cúbicos de água e esgoto.
Há 21 anos Seu João vive com a mulher em frente à represa Billings, no Jardim Gaivotas, distrito do Grajaú, Extremo Sul de São Paulo. Porém, água quase não tem em casa. O abastecimento começa às 17h, mas é interrompido antes da meia-noite. Por isso, ele e a mulher acumulam o que cai da chuva em seis baldes pequenos e dois barris de 200 litros.
Ainda assim, é o esgoto que deixa seu João realmente jururu. “A Sabesp tá jogando merda na Billings”, aponta ele, que tira da represa os peixes que vende para complementar a renda doméstica.
O Periferia em Movimento pegou uma carona no barco do seu João para ver isso de perto – e encontrou crostas marrons e esverdeadas sobre a água, perto à margem da represa. “Isso aqui é merda. Quem disser que não é, eu mando comer”, diz seu João.
Moradores contam que já reclamaram com a Sabesp, mas segundo eles a companhia informou que trata o esgoto antes de jogá-lo na Billings.
Antigamente, seu João e os vizinhos tinham apenas água encanada em casa e o esgoto era acumulado em fossas domésticas.
As fossas foram aposentadas há cinco anos, quando a Sabesp implementou uma rede no bairro e passou a cobrar dos moradores pela coleta e tratamento de esgoto. Os dejetos são armazenados na Estação Elevatória de Esgoto (EEE) Gaivotas 1, de onde seriam transportados para uma central de tratamento.
Porém, moradores relatam que há pelo menos três anos os caminhões que descarregam a estação deixaram de circular. Desde então, o esgoto é lançado diretamente na represa Billings. Veja as imagens:
Moradores apontam que a situação é similar em bairros vizinhos, como o Cantinho do Céu. Com o forte calor e a diminuição do nível do reservatório, o mal cheiro se espalhou também por outros pontos do distrito do Grajaú.
“Ninguém faz nada pela gente”, lamenta seu João.
Sabesp
Procurada pelo Periferia em Movimento, a Sabesp não respondeu aos questionamentos até a publicação dessa reportagem. As informações serão incluídas no texto assim que recebidas.
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Thiago Borges
1 Comentário
Sinto o cheiro de podre na represa quase todos os dias, não tem nem como eles falarem que não despejam.