Há um mês, Claudia da Silva Ferreira, de 38 anos, foi atingida por uma bala “perdida” disparada por agentes da Polícia Militar do Rio de Janeiro, por quem foi colocada na viatura e teve seu corpo arrastado por 350 metros, chegando ao hospital morta e com partes de seu corpo em carne viva. O caso chocou o País, colocou novamente a ação das PMs brasileiras em xeque e a família de Claudia deve ser indenizada.
Para relembrar esse e tantos outros casos, a empresa Cubo Preto Ensino de Arte e Cultura Ltda articulou o ato público e cultural “A Paixão de Claudia”, que acontece nesta sexta-feira santa (dia 18 de abril). ONGs, associações, coletivos culturais, empresas, órgãos da imprensa formal e informal e profissionais de várias áreas das artes e interessados na vida em sociedade de modo geral se mobilizaram para prestar uma homenagem à mulher negra, trabalhadora e mãe brasileira.
Por meio de ações e manifestações, performances e apresentações realizadas em diversas linguagens das artes, o objetivo do ato é celebrar “a mãe preta do Brasil, as famílias negras, as famílias coloridas, o direito à vida, ao respeito ao cidadão, à cidadã, aos acessos básicos ao direito de ir e vir, à saúde, à educação, à moradia, ao fim dessa condição de cidadania de segunda classe a qual está relegada parte expressiva da população brasileira”.
“Mãe de quatro filhos biológicos e educadora de quatro sobrinhos, entendemos que o que houve configura-se como uma tragédia horrenda e, diante do silêncio com o qual a imprensa e a sociedade civil recebeu e reagiu diante desta barbaridade ocorrida com uma mulher negra que, como muitas outras alicerça o país por meio de sua força de trabalho, decidimos que era este o momento de prestar uma homenagem às muitas mães pretas que criam, educam, trabalham para a criação e educação dos filhos negros e brancos deste Brasil”, diz o comunicado do evento.
“Não é aceitável tamanha anestesia diante de uma vida perdida de maneira violenta e cruel e de uma família negra destruída. E se fosse uma mulher de família branca e de classe média? Haveria maior comoção social? Acreditamos veemente que sim. Uma vida não vale mais do que outra, nós brasileiros precisamos compreender”, continua.
Calvário
Propositalmente, o ato “A Paixão de Claudia” faz menção à Paixão de Cristo por compreender que muitas outras mulheres carregam em seus corpos e em suas vidas cotidianas as chagas de uma sociedade desigual.
Os manifestantes se concentram às 14hs, vestidos de preto e carregando rosas vermelhas, em frente à Igreja da Nossa Senhora da Consolação. Ao som de atabaques, a caminhada prossegue até a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, localizada no Largo do Paissandu, onde encontra-se a estátua da Mãe Preta, feita pelo artista Júlio Guerra representando todas as mães pretas que foram e são base desse Brasil.
No Largo do Paissandu será armado um palco no qual, das 16h às 20h, ocorrerão apresentações de música, dança, artes cênicas, literatura e artes visuais.
Anotaí!
A Paixão de Claudia
Quando? Sexta-feira santa, dia 18 de abril, a partir das 14h
Onde? Concentração na Igreja da Consolação – Praça Roosevelt – Centro de São Paulo
Informações? [email protected] ou neste link.
Redação PEM