Por Aline Rodrigues. Arte: Rafael Cristiano
Este sábado (18/5) é o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, mas todo dia é dia de contribuir com a prevenção. Uma das formas ideais é passar informações que podem minimizar os riscos do público infantojuvenil sofrer violências que, infelizmente, muitas pessoas adultas já vivenciaram em sua juventude e infância.
Em 2023, apenas nos 4 primeiros meses do ano, 17,5 mil violações sexuais contra crianças ou adolescentes foram registradas pelo Disque 100. Os dados são do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania que indicou um aumento de quase 70% comparado ao mesmo período de 2022.
Estima-se que, apesar do aumento das denúncias significar um crescimento de pessoas que decidem denunciar, os casos registrados equivalem apenas a 10% das ocorrências dessas violências. Isso se dá ao fato de na maioria das vezes a pessoa abusadora ser do ciclo de confiança da vítima e de sua família, quando não é alguém da própria família.
Apesar do cenário alarmante, falar sobre prevenção ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes ainda é um tabu para muita gente e não é simples iniciar conversas como essas, que são necessárias. Por isso, ninguém precisa estar sozinhe nesse desafio e alguns livros infantis foram pensados para mediar um bom início de prosa.
Conheça 3 títulos que abordam o assunto com cuidado e investem no lúdico para informar.
Não me toca seu boboca
Aposta na representação de animais como personagens que vivem uma relação de potenciais vítimas e agressores. A história fala sobre como é possível reconhecer pistas, mesmo que sutis, e se afastar de situações que deixem as crianças mais vulneráveis.
“Parecia um tio bonzinho, vivia rondando o parquinho, querendo se aproximar da gente”, como é trazido em um trecho do livro.
Além da publicação, é possível encontrar no site da editora o jogo “Não me toca, seu boboca! – Fuga da casa 75” e um Guia de Leitura, que oferecem novas possibilidades de trabalhar o assunto em sala de aula e com as crianças da família e da vizinhança.
Autora: Andrea Viviana Taubman. Ilustradora: Thais Linhares. Editora: Aletria Editora. Para comprar o livro, o jogo e o guia, acesse aqui.
Carro Cris
Logo no começo do livro, a autora Beatriz Cruz e a ilustradora Ariádne Martins trazem um recado para pessoas responsáveis pelas crianças e já propõem a conversa pós-leitura: “Sugerimos que, após a leitura, você explique sobre as partes íntimas da criança, ensinando nomes corretos, incluindo a boca, como a ilustração explica. Converse sobre os limites, respeitando a curiosidade e interesse da criança no assunto.”
A história conta o momento em que o personagem Cris, o carro, quer saber mais sobre seu corpo e busca ajuda com a mãe e a professora para se conhecer melhor. Também é possível encontrar dicas de onde buscar ajuda e indica algumas partes do corpo como “pontos de tensão” e “pontos de atenção” que ao menor desconforto com alguém que os toque, sugere a busca de ajuda de alguém de confiança.
A história do carro Cris é também comumente apresentada pela própria autora em contações de histórias com cenas produzidas em parceria com outres profissionais. Beatriz também realiza palestras, cursos e oficinas sobre a temática do livro.
Autora: Beatriz Cruz. Ilustradora: Ariádne Martins. Produção independente. Para compra do livro impresso ou acesso gratuito da versão E-book, acesse o instagram @laemcasatatudobem.
Pipo e Fifi – Ensinando proteção contra violência sexual
Este livro investe em mostrar cenas realistas de situações em que crianças podem ser expostas e precisam aprender a pedir ajuda e serem acolhidas.
Os diferentes cenários são apresentados por dois monstrinhos, Pipo e Fifi, que também ensinam sobre o toque do “sim” e do “não”, falam sobre as partes do corpo e contam para crianças e pessoas adultas que elas não estão sozinhas nessa. Todes podem contar com a escola, a delegacia, o conselho tutelar e o posto de saúde para buscar ajuda.
A história ainda prevê momentos de interação em que a criança pode indicar nas ilustrações onde ficam as chamadas “partes íntimas” e a desenhar uma pessoa na qual ela confia.
Autora: Caroline Arcari. Ilustradora: Isabela Santos. Editora Caqui. Para compra do livro e conhecer outros materiais educativos derivados da publicação, acesse aqui.
A leitura mediada e a conversa podem romper um ciclo de violência sexual contra crianças e adolescentes e, melhor ainda, evitar novos casos. Se você for a pessoa de confiança de alguém, #FaçaBonito. Acolha a vítima, Disque 100 e procure serviços públicos de apoio.