Cultura das quebradas marca 31ª Bienal de Artes

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Como falar sobre coisas que não existem? Quem define a existência de algo? A arte dos indígenas, pretos, pobres, periféricos existe? Eles existem? “Sim, nós existimos”, é o que grita a participação dos artistas da periferia na 31ª Bienal de Artes de São Paulo. A violência, a intolerância, a dominação, o racismo também existem e existe quem as pratica.

Entre os dias 7 de setembro e 7 de dezembro, sempre às quartas e domingos, 21 coletivos e artistas que não existem para a maioria das pessoas irão afirmar sua existência na Bienal.

Durante a abertura, a intervenção Treme Terra Esculturas Sonoras reunirá a matriz afroindígena e a favela em uma performance de som, ritmo e poesia. A ideia é reconectar o público às nossas ancestralidades. A apresentação também lembra que a aclamada diversidade cultural existe, mas que não existe a democracia racial.

Participam dessa intervenção o mestre Aderbal Ashogun, residente no Rio de Janeiro e que há 22 anos promove ações de articulação entre artistas plásticos, mestres de cultura popular e sacerdotes dos povos e comunidades tradicionais; o Coral Xondaro, do povo guarani da Aldeia Tenondé Porã, localizada no bairro Barragem, no extremo sul da capital paulista; e o poeta e músico Baltazar Honório, que tece verbo sobre a vida na periferia da cidade.

A programação continua até dezembro com a realização de batalhas de MCs, apresentações de dança e saraus, transpostos de praças e bares da efervescente cena cultural da periferia de São Paulo para o primeiro andar do pavilhão de arte.

 

Confira a programação completa organizada pela Agência Solano Trindade.

 

7.09, domingo

16h – Treme Terra Esculturas Sonoras

Há 22 anos, o mestre Aderbal Ashogun promove ações de articulação entre artistas plásticos, mestres de cultura popular e sacerdotes dos povos e comunidades tradicionais. Em parceria com Bernardo Mosqueira, também realiza a curadoria da mostra de arte natural na floresta da Tijuca:  “Arte como oferenda”.

O “Treme Terra Esculturas Sonoras” mescla em seu trabalho percussão, ritmo, poesia e cultura urbana do candomblé em um Flash Mob Ancestral cujo objetivo é reconectar seus participantes com suas tradições e a natureza.

Nesta edição, o Treme Terra une povos de matriz africana e indígena numa escultura que emana a força do povo Yorubá e Guarany ao convidar o coral Xondaro, da Aldeia Tenondé Porã, localizada no bairro Barragem, no extremo sul da capital paulista, e o poeta Baltazar Honório, que recita o cotidiano da população que vive nas bordas da cidade, à margem.

É um trabalho que dialoga diretamente com a preservação e defesa da diversidade cultural e biológica, combatendo a intolerância religiosa e cultural, cotidianamente enfrentadas, mas que não existem para muitas pessoas. Treme Terra Esculturas Sonoras é legitimar o tradicional e celebrar o contemporâneo.

Coral Xondaro

O Coral Guarani Xondaro traz a apresentação de cânticos religiosos infantis, ensinados pelos mais velhos da aldeia. Eles falam principalmente do mito religioso da Terra Sem Mal, lugar sagrado para os Guaranis, simbolicamente do outro lado do oceano, e dos valores morais que devem pautar a vida de todo membro da comunidade para atingi-la.

Baltazar Honório

Poeta e músico, Baltazar irá recitar o poema Enquadro. “Acho que as pessoas vão achar que é um assalto quando eu começar. Eu vou rir e dizer que é arte”, afirma. Aos 42 anos de vida, ele vive a contradição de não existir existindo.

 

10.09, quarta-feira

19h – Sarau da Kambinda

Acontece no Teatro Popular Solano Trindade, na cidade de Embu das Artes, e pretende promover a poesia e o encontro de poetas e artistas que fazem parte do movimento cultural periférico e de matriz africana, valorizando a literatura proveniente de histórias de vida como a de dona Raquel Trindade, artista, pesquisadora da cultura popular e coreógrafa, filha do poeta Solano Trindade. O sarau é produzido e apresentado por seu neto, o rapper Zinho Trindade, poeta, músico e, agora, pai de Flora, a mais nova bisneta de Solano.

 

14.09, domingo

16h – O Menor Sarau do Mundo

Intervenção em que participam o poeta e um público de até três pessoas sob um guarda-chuva. Com duração de 1 minuto e 20 segundos, o poeta declama três poemas curtos autorais de alto teor de entorpecimento. O guarda-chuva estilizado, com uma pitada de imaginação, torna-se uma pequena grande casa de espetáculos, onde a palavra é o astro maior! O ouvinte experimenta o olho-a-olho com o poeta, saboreando assim poesia em sua plenitude.

 

21.09, domingo

BICICLOTECA

A Bicicloteca surgiu em 2008, na Expedición Donde Miras, em Mongaguá, emprestando livros nas casas dos moradores. Hoje é realizada no Campo Limpo, zona sul de São Paulo. Numa bicicleta adaptada com livros, o projeto tem como objetivo o incentivo à leitura de forma desburocratizada. A Brechoteca,  local onde há uma biblioteca comunitária, um brechó e várias atividades com a comunidade, é a sede, onde há incentivo a leitura através de premiações.

 

16h – Balé Capão Cidadão

Espetáculo: “… um pouquinho de Brasil…”

Sessenta bailarinas do projeto Balé Capão Cidadão dançam um repertório de coreografias criadas durante o processo de aulas das oficinas de balé clássico, dança-teatro e dança de rua. O projeto propicia oficinas de diferentes linguagens da dança para as participantes entre seis a dezesseis anos na comunidade do Jd. Valquíria, através da ONG Capão Cidadão. As oficinas de dança, em parceria com a de reforço escolar no ano de 2013, desenvolveram como proposta pedagógica o estudo e a vivência da cultura brasileira e vêm por meio desse espetáculo apresentar toda riqueza e amor que têm por essa pátria, chamada Brasil.

Duração: 75 min.

 

24.09, quarta-feira

19h – Sarau A Plenos Pulmões

Organizado por Marcos Pezão, fundador da Cooperifa, e dona Otília, o sarau A Plenos Pulmões acontece em diversos espaços da cidade de São Paulo com a participação de muitos poetas que acompanham o movimento de saraus há mais de 15 anos. Pezão acredita na literatura que constrói pontes entre os habitantes da cidade, diminuindo preconceitos territoriais.

 

28.09, domingo

16h – O Que Dizem Os Umbigos?!

O Sarau “O Que Dizem Os Umbigos?!” nasce da pergunta que leva o seu nome e sua ideologia. As relações humanas partem cada vez mais para o âmbito individual, o que nos distancia do diálogo, da troca de experiências e do exercício da escuta; é nesse momento que entramos em cena para fazer a pergunta que estimula o mover: ”O que dizem os Umbigos?”, com o intuito de que paremos um pouco de “olhar para os nossos umbigos e passemos a dialogar com o umbigo do outro”.

 

8.10, quarta-feira

19h – Praçarau

O Praçarau acontece há 4 anos na zona sul de São Paulo. Atualmente, é o único sarau ao ar livre, reunindo um público diverso. Música, dança, poesia, performances, tudo se mistura no espaço aberto a quem quiser. O sarau conta com o apoio de diversos coletivos parceiros, assim como os próprios moradores, que colaboram com a limpeza e manutenção do local. Isso tem mobilizado cada vez mais pessoas em torno de importantes reflexões sobre o espaço geográfico onde acontece o sarau. O Praçarau é realizado às terças-feiras na praça Danilo Honório, na Cohab Adventista, a partir das 20h.

 

12.10, domingo

16h – Coral Xondaro + COMUNIDADE CULTURAL SAMBAQUI

Coral Xondaro

O Coral Guarani Xondaro faz a apresentação de cânticos religiosos infantis, ensinados pelos mais velhos da aldeia. Eles falam principalmente do mito religioso da Terra Sem Mal, lugar sagrado para os Guaranis, simbolicamente do outro lado do oceano, e dos valores morais que devem pautar a vida de todo membro da comunidade para atingi-la.

COMUNIDADE CULTURAL SAMBAQUI

O Grupo Sambaqui é um coletivo que se dedica, desde 2003, à pesquisa e manutenção da Cultura afro paulista (o Samba de Bumbo, Jongo e Batuque de Umbigada) na cidade de São Paulo. Sua prática sempre foi de contato intenso com os mestres tradicionais em suas comunidades e no terreiro Sambaqui, além da divulgação através de apresentações, oficinas e vivências dos saberes pelos mestres transmitidos.

 

19.10, domingo

16h – Narra Várzea

O futebol no Brasil surgiu como um jogo de várzea em campos que ainda não eram regulamentados nem tinham algumas regras, como escanteio ou tiro de meta. Jogado geralmente em terra batida, eles se localizavam às margens do rio Tietê, por isso campo de várzea. A organização dessa prática amadora fez surgir os primeiros times, também conhecidos como clubes de várzea. Hoje, clubes assim são basicamente sociedades informais que funcionam como ponto de encontro de amigos nos finais de semana em guetos e periferias da cidade.

 

22.10, quarta-feira

19h – Poetas Ambulantes

Inspirados nos vendedores ambulantes que circulam dentro dos coletivos oferecendo suas mercadorias, os Poetas Ambulantes oferecem aos passageiros poesia falada e escrita, em troca apenas de atenção, emoção e interação.

A cada mês, os Poetas traçam um itinerário diferente, percorrendo diversas linhas de ônibus, trens e metrô, declamando e entregando poemas de sua autoria ou escritos por autores consagrados.

Essas ações ocorrem em dias úteis, preferencialmente nos horários de maior movimento. No momento em que os passageiros estão mais cansados e estressados, a intervenção dos Poetas torna a viagem mais agradável e divertida. O destino final é sempre algum local onde habitualmente ocorrem saraus, dando continuidade ao dia de convivência com a poesia.

“Atenção senhores passageiros, eu poderia estar roubando, eu poderia estar matando, mas estou aqui humildemente distribuindo poesias. Aqueles que puderem ouvir eu agradeço, aqueles que não puderem eu agradeço da mesma forma!” É assim que os Poetas Ambulantes dão início à intervenção dentro coletivos. Não há roda, ordem ou roteiro pré-estabelecido.

Espalhados entre os passageiros, os Poetas vão disparando sua poesia, distribuindo poemas, divulgando sua arte. Em cada coletivo a ação é diferente, pois a energia do público influencia diretamente o desenvolvimento do sarau e a escolha dos poemas. Os passageiros são encorajados a aplaudir, interagir com os “ambulantes” e, até mesmo, integrar o sarau.

O coletivo é composto por seis Poetas: Carolina Peixoto, Jefferson Santana, Lu’z Ribeiro, Mariane Staphanato, Mel Duarte e Thiago Peixoto, mais a fotógrafa Renata Armelin, que são os idealizadores e coordenadores do projeto. Além disso, conta com o apoio e a participação de diversos outros poetas, amigos e parceiros, seja escrevendo poesias para distribuir, seja durante as saídas.

 

26.10, domingo

16h – Batalha TSP

A TSP é um coletivo de propagação cultural fundado em agosto de 2012 em Taboão da Serra, na região metropolitana de São Paulo. O foco principal da TSP é fomentar a cultura do Hip Hop Independente na periferia de São Paulo, mais especificamente (por enquanto) na cidade de Taboão da Serra e região, promovendo eventos, apoiando causas relacionadas e repassando as notícias de outros coletivos periféricos.

Atualmente, o principal foco do coletivo é a Batalha. Ela ocorre todas as terças-feiras na Rua Joaquim Faustino de Camargo, Praça das Bios, no centro de Taboão, para mostrar e divulgar seus novos trabalhos e desafiar outros MCs em rinhas.

 

2.11, domingo

16h – Sarau da Brasa + Bicicloteca

Sarau da Brasa

O Sarau Poesia na Brasa é um movimento cultural de periferia para a periferia, um espaço de expressão dos periféricos. Em seus encontros quinzenais, os tambores e a oralidade são carros-chefes na comunhão e resgate das tradições milenares dos ancestrais.

A discussão e reflexão é sobre a periferia, porém aberta a todos que queiram comungar da palavra. O sarau ocorre regularmente dentro de bares, mas também já aconteceu em UBSs, Unidades da Fundação Casa, Centros Culturais e pode acontecer onde for possível trocar ideias e comungar da palavra.

Bicicloteca

A Bicicloteca surgiu em 2008, na Expedición Donde Miras, em Mongaguá, emprestando livros nas casas dos moradores. Hoje fazemos o trabalho no Campo Limpo-SP e temos também a Brechoteca, local onde há uma biblioteca comunitária, um brechó e várias atividades com a comunidade. Numa bicicleta adaptada com livros, o projeto tem como objetivo o incentivo à leitura de forma desburocratizada. A Brechoteca é a nossa sede, onde incentivamos a leitura através de premiações.

 

5.11, quarta-feira

19h – Sarau Preto no Branco

Criado em 2012 por um grupo de jovens do Jd. Ibirapuera, zona sul de São Paulo, o objetivo do sarau Preto no Branco é incentivar outros poetas e artistas do bairro a se expressarem. O sarau é feito mensalmente em frente à sede do Bloco do Beco. O grupo de organização conta com pessoas de não mais de 21 anos de idade, que fazem do evento um meio para mostrar que a juventude não está calada ao retratar alguns temas como desigualdade, corrupção, preconceito, mas sem perder o lado jovem, mantendo o clima perfeito para se expressar.

O sarau acontece No Bloco do Beco, na  Rua Doutor Benedito Arruda Vianna, 126 – Jd. São Francisco de Asis, próximo ao ponto final do ônibus Jd. Ibirapuera, Zona Sul.

 

9.11, domingo

16h – Batalha TSP

A TSP é um coletivo de propagação cultural fundado em agosto de 2012 em Taboão da Serra, na região metropolitana de São Paulo.

O foco principal do grupo é fomentar a cultura do Hip Hop Independente na periferia de São Paulo, mais especificamente (por enquanto) na cidade de Taboão da Serra e região, promovendo eventos, apoiando causas relacionadas e repassando notícias de outros coletivos periféricos.

Atualmente, o principal foco do coletivo é a Batalha. Ela ocorre todas as terças-feiras na Rua Joaquim Faustino de Camargo, Praça das Bios, no centro de Taboão.

 

16.11, domingo

Barracão Dj Lah

 

19.11, quarta-feira

19h – Sarau Palmarino

O sarau, realizado mensalmente na sede em Embu das Artes, é uma das atividades do Círculo Palmarino, uma corrente política nacional do movimento negro que quer somar à luta dos que acreditam em uma nova sociedade, justa e igualitária, onde o povo negro seja sujeito da sua própria história. Está presente na Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Sergipe e se organiza a partir de núcleos.

 

23.11, domingo

16h – Sarau do Binho

O Sarau do Binho ocorre há mais de 8 anos e reúne poetas, cantores, músicos, atores e outros artistas populares e pessoas da periferia, tornando-se um marco no calendário cultural da cidade de São Paulo. Em 2012, o bar onde ocorria o encontro foi fechado após recusa da prefeitura na liberação do alvará de funcionamento, além de multar o estabelecimento que tinha CNPJ e pagava seus impostos regularmente.

Apesar disso, o Sarau do Binho vive e não parou. Agora, percorre espaços de cultura e resistência difundindo reflexão, poesia, música, artes visuais e outras manifestações. O sarau começou no bar. Na época não havia espaços culturais na periferia para realizar encontros como aquele.

Do sarau surgiram muitas ideias e ações como a POSTESIA e a Postura, que é uma prática artística de rua que instala placas com poesia e artes visuais em vias públicas da cidade; a instalação de uma biblioteca comunitária chamada Brechoteca, também na região do Campo Limpo; a ação da Bicicloteca, que até hoje já distribuiu mais de 5 mil livros em casas e pontos de ônibus do bairro; a Caminhada Cultural Donde Miras, feita por artistas que frequentam o sarau e já percorreu a pé mais de mil km, realizando saraus em mais de 60 cidades entre São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro; e outras muitas atividades que julgamos essenciais no fortalecimento da cultura periférica. Por tudo isso, o sarau é um marco de resistência dos artistas, periféricos ou não.

 

30.11, domingo

16h – Dança Pelagos

O Núcleo de Dança Pelagos nasceu em fevereiro de 2010  pelas mãos do ex-aluno do Projeto Arrastão e hoje bailarino profissional Rubens Oliveira. O projeto tem o objetivo de iniciar jovens entre 15 e 18 anos no desenvolvimento corporal e proporcionar aproximação com a arte e a cultura em geral. Os alunos recebem noções de presença de palco, expressão corporal e ritmos.

 

03.12, quarta-feira

19h – Verso em Versos

O sarau ocorre no Espaço Comunidade, onde se reúnem diversos coletivos que atuam artisticamente na periferia da zona sul de São Paulo. Estruturado dentro do movimento do rap e hip hop, o sarau reúne novas expressões do cenário, assim como atrai outros públicos, numa conexão muito diversa da produção literária periférica.

As apresentações são livres, individuais ou em grupo, e os participantes partilham suas criações e autorias. O Verso em Versos é um movimento cultural da periferia apresentado para as comunidades. A frequência aos saraus propicia sociabilidade, troca de conhecimento, incentivo à literatura, consciência da cidadania e um público participante e interessado em expressões culturais dos movimentos e ações de periferias.

 

7.12, domingo

16h – Bonde Sak Funk  + Funk de Grife

A dupla Mc Spyke e Mc Preto cantam juntos desde 2007. Com repertório composto por letras que abordam desde problemas sociais, como o cotidiano de sua comunidade, até o estilo de funk que vem reinando em São Paulo, o ostentação, os MCs se destacam com um funk que conscientiza.

O DJ da dupla é o Well Santos. Os três juntos formam o Bonde Sak Funk, que já dividiu o palco com grandes nomes do estilo:  MC Daleste, Magrinho, Kauã, Guime, Dede, Mr. Catra, K9, Anita.

 

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