Moradora do Jardim Sete de Setembro (Grajaú, periferia de SP), Giovana Azevedo, 20 anos, enfrenta o preconceito e encontra pertencimento em "kits" de roupas masculinas
Conhecida como Dasul, ela é uma mulher lésbica que hoje trabalha no telemarketing, mas quer seguir carreira como stylist e com música. Confira o depoimento dela
Minhas maiores relações foram com meus primos. Com meus amigos, é suave, meio que me tratam como homem. Se bem que tem umas paradas que eles evitam falar porque sabem que eu vou meter o loko
A gente troca roupa, emprestamos um pro outro… às vezes eu monto os kits dos meus amigos. Mó parceria
Sempre achei mais bonito [as roupas masculinas]. Eu ia na sessão feminina quando criança e já me sentia desconfortável. Embora tinha roxo, minha cor preferida, também tinha muito rosa, coisa florida
EU DESCOBRI PRIMEIRO MEU ESTILO DO QUE A "OPÇÃO" SEXUAL Roupa é "só roupa" nesse sentido, mas no outro ela significa muito pra mim porque é sobre pertencer
Eu não entro em banheiro público, tipo estação de metrô. Só uso onde eu tenho segurança porque eu já fui barrada de usar. Já tive que levantar a blusa pra provar que eu era mulher pra usar o banheiro
Meu estilo hoje é esportivo, mas eu curto coisas do funk como uns kit relíquia, que é algo que quase ninguém tem ou é antigo
Aliás essas minhas referências vinham de um primo meu, o Rafael, que hoje tem 25. Ele tinha Lacoste, camiseta da Abercrombie e etc. Celoko, eu achava muito chave
O pessoal de fora que não são como nois não encara como estilo ou moda, tipo camisa de time e artigos esportivos
Eu tenho coisa original e falsa A maioria das coisas originais, peguei em grupo de rolo Já sofri preconceito por usar roupa falsa, mas eu tenho consumo frequente por falta de grana mesmo, é acessível
Roupa original, ou você compra kit ou curte outras parada no mês Nois que é de quebrada tem que equilibrar, fazer uma divisão, tem mão que dá e tem mão que não dá
Reportagem e fotos Fernanda Souza Adaptação de texto Thiago Borges Design Rafael Cristiano