Mesmo com pandemia, assassinatos voltam a crescer no Brasil

Mesmo com pandemia, assassinatos voltam a crescer no Brasil

Jovens negros do gênero masculino são maioria entre vítimas. Casos de feminicídio e violência contra crianças, adolescentes e pessoas LGBTQIA+ também sobem

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Tempo de leitura: 4 minutos

Texto por Thiago Borges. Foto em destaque: Julia Vitoria.

Em 2020, o mundo foi paralisado pela pandemia de coronavírus e a necessidade do distanciamento social diminuiu a circulação. Ainda assim, o número de mortes violentas intencionais aumentou 4% no ano passado e 50.033 foram assassinadas no País – revertendo 2 anos de queda no número de homicídios. Com isso, o Brasil registra uma média de 23,6 assassinatos a cada 100 mil habitantes.

Os dados constam no Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta quinta-feira (15/7) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que é baseado em informações fornecidas por secretarias de segurança pública estaduais, pelas polícias civis, militares e federal, entre outras fontes. Clique aqui para baixar.

O perfil principal das vítimas desses crimes continua igual: 91,3% do gênero masculino, 76,2% negros, 54,3% jovens até 29 anos. A cada 10 mortes, 8 foram causadas por armas de fogo.

Já as polícias mataram 6.416 pessoas em 2020 – uma alta de 0,3% em relação ao ano anterior. Homens e meninos (98,4%), negros (78,9%) e com idade entre 12 a 29 anos (76,2%) novamente aparecem entre as principais vítimas em intervenções policiais. Por outro lado, 194 policiais foram mortos assassinados – número menor que o total de vítimas de coronavírus, 472.

O aumento dos casos coincide com maior circulação de armas de fogo no País: as autorizações para importaçãos mais que dobraram (108%), assim como o número de armas registradas (100%). O crescimento de homicídios vai na contramão de outros delitos, que registraram queda, como roubos a transeuntes (-36%), estabelecimentos (-27%), a veículos (-26%), cargas (-25%) ou residentes (-16%).

Violência doméstica e LGBTQIA+fobia

O número de feminicídios (quando mulheres e meninas são mortas por serem do gênero feminino) cresceu 0,7%, totalizando 1.350 casos. Cerca de 3 a cada 4 delas tinham entre 18 e 44 anos e 3 a cada 5 eram negras. Mais de 80% das mortes foram ocasionadas pelo companheiro ou ex-companheiro e mais da metade com arma branca.

Cerca de 60.460 estupros foram registrados no ano passado, o que representa uma queda de 14,1%. Em 85% dos casos, o autor da agressão era conhecido da vítima. A cada 10 vítimas, 6 tinham até 13 anos. A violência contra crianças e adolescentes também aumentou: 267 indivíduos até 11 anos foram assassinadas, enquanto 5.855 adolescentes foram mortos.

Já os crimes de ódio que resultaram em morte de pessoas LGBTQIA+ aumentou para 121 assassinatos (alta de 24,7%), enquanto as agressões registradas totalizaram 1.169 (20,9%).

Coronavírus e segurança pública

O Anuário também trouxe uma escuta com policiais sobre a pandemia. Ao todo, 29,5% de policiais do Brasil testaram positivo para covid-19 e 85% têm medo de serem infectados. Mais da metade (52,5%) relatou desconforto para agir com estabelecimentos funcionando irregularmente na pandemia.

O estudo também aponta que foram registrados 57.619 casos de coronavírus entre pessoas em cárcere 21.419 entre profissionais que atuam no sistema penitenciário. O País chegou a 759 mil pessoas em privação de liberdade.

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