Colaboração de Mateus Monteiro. Edição: Thiago Borges
Pela democratização da alimentação saudável nas quebradas, organizações de agriculturas urbanas produzem comidas orgânicas, sem a utilização de agrotóxicos, em hortas localizadas em regiões periféricas. O cultivo, a colheita e a distribuição desses alimentos são executados por pessoas periféricas, que atuam de forma engajada na causa.
A Periferia em Movimento lista iniciativas que atuam em territórios periféricos pelo direito à alimentação. Conheça!
Sabor da Vitória
Criado pela baiana Teresinha Souza, o Sabor da Vitória está na ativa desde 2011 e, atualmente, atende quase toda a comunidade do Jardim Santa Adélia, na zona Leste de São Paulo.
Inicialmente, ela se estabeleceu em um terreno de 300 metros cedido pela Prefeitura na própria região. Com a implementação de um projeto de feira orgânica no município, Teresinha, ao lado do marido, conseguiu realizar vendas no local e em outras feiras na zona leste. Com o aumento da demanda, a horta cresceu e hoje ocupa um espaço de 6 mil metros quadrados
Em 2021, por conta da pandemia de covid-19, o casal não conseguiu mais se deslocar até as feiras e não havia mais programas da prefeitura naquele momento. Então, decidiram vender os alimentos na porta da horta.
Era algo novo, mas a comunidade aderiu à feira orgânica e passou a frequentar o lugar pela proximidade das residências e pelos novos hábitos alimentares, além de se interessarem pela agricultura urbana.
A Sabor da Vitória promove o Rolê Ecológico, recebendo cerca de 30 crianças por dia para atividades no espaço, além de outras ações. O local também fica aberto para quem quiser trocar ideias, tirar dúvidas e adquirir alimentos.
- Rua Alberto de Macedo, 381 – zona Leste de São Paulo. Saiba mais no instagram: @sabordavitoria.organicos
Mulheres do GAU
A Associação Mulheres do GAU (Grupo de Agricultura Urbana) é um coletivo composto por 12 mulheres que, com a produção de recursos naturais, beneficiam cerca de 250 pessoas no bairro da União de Vila, em São Miguel Paulista, na zona Leste de São Paulo.
A organização iniciou as atividades após uma revitalização promovida pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU) em 2011. Uma parte do terreno foi selecionada para a criação da horta.
O coletivo assumiu toda a produção do viveiro voluntariamente quando o projeto ficou sem verba, e hoje em dia todas as mulheres da linha de frente são remuneradas e se dedicam inteiramente ao cultivo.
- Mulheres do GAU, na zona Leste (divulgação)
- Mulheres do GAU, na zona Leste (divulgação)
A iniciativa oferece diversos alimentos com preços sociais, como hortaliças, PANCs (Plantas Alimentícias Não Convencionais) e muitas frutas. Os temperos e as ervas, por sua vez, são disponibilizados gratuitamente para a comunidade.
As Mulheres do Gau também realizam parcerias com iniciativas da ZL e de outros lugares para atividades como oficinas, palestras e rodas de conversas. O objetivo é valorizar a agroecologia, práticas sustentáveis e saberes da natureza, fortalecendo laços comunitários.
- Rua Papiro-do-Egito, 100b – Vila Jacuí, zona Leste de São Paulo – SP. Saiba mais no instagram: @mulheresdogau
Quebrada Orgânica
O casal Joy Izauri e Robert Placides cultivava alimentos orgânicos para os filhos e para consumo próprio. Essa ação despertou o interesse da vizinhança, que passou a consumir os alimentos também. Daí surgiu a ideia de levar o cultivo para outras quebradas, dando origem à Quebrada Orgânica, em 2018, atuante no Jardim Rivera, na zona Sul de São Paulo.
No início, após aprovação pela lei de Fomento à Cultura da Periferia, a ação se deslocava até outros locais e, gratuitamente, ajudava pessoas a criarem pequenas hortas em suas residências, além de orientá-las sobre como mantê-las.
Em 2020, a ação adquiriu um terreno após parceria com uma empresa privada e, nele, criou hortas de diversos tamanhos e uma grande variedade de hortaliças, frutas, PANCs, legumes e muito mais.
A produção anual de comida natural varia entre 500 e 700 quilos. Parte dos mantimentos são direcionados a projetos sociais, principalmente na zona Sul. Ao longo prazo, a iniciativa visa alcançar ainda mais pessoas para que elas se alimentem melhor e sejam um braço na luta pela preservação do meio ambiente.
A Quebrada Orgânica conta com atividades como imersões, exposições, cursos, oficinas, festivais e vivências urbanas.
- Rua Alecrim 41 – zona Sul de São Paulo. Saiba mais no instagram: @quebradaorganica
- Robert e Joy (divulgação)
- Horta do Quebrada Orgânica (divulgação)