Mulheres urbanizam periferias de SP

Urbanista do Capão Redondo resgata história de mulheres do Jardim Macedônia, que estiveram na linha de frente pelas conquistas do bairro

A pesquisa de Ana Cristina da Silva Morais destaca o papel primordial das mulheres para urbanizar as quebradas paulistanas

Muitas delas chegaram a São Paulo vindas de outras regiões do País, quando a cidade vivia a industrialização e recebeu uma forte onda migratória dos anos 1970 e 1980

Na capital paulista, famílias numerosas ocuparam principalmente áreas mais distantes do centro, com pouca ou nenhuma urbanização

Bairros surgiram em pouco tempo, como é o caso do Jardim Macedônia. E a paisagem com casas distantes, sem portões nem muros rapidamente mudou para um horizonte de moradias aglomeradas

O investimento em infraestrutura urbana não acompanhou. No Macedônia, a energia elétrica chegou apenas em 1973, enquanto a água encanada foi instalada em 1979 - antes, a população dependia de poços

Sem escolas por perto, com transporte precário e uma inflação galopante, mulheres encontraram na Igreja Católica um caminho para mudança

As ações na Igreja focavam na doação de alimentos, roupas e na formação em corte e costura e outras atividades. E os encontros fomentaram reivindicações

As articulações deram frutos: as mulheres conquistaram creches, escolas, asfalto e um hospital próximo do bairro

Ainda assim, a presença delas em lugares institucionais como a Sociedade de Amigos do Bairro era minoritária, como nota a pesquisadora Ana Cristina

"Quando é pra assumir cargos principalmente de mais destaque, a mulherada não vai conseguindo acessar muito por conta do trabalho doméstico, da demanda com filhos e de ter que conciliar com trabalho fora"

Adaptação de texto Thiago Borges Design  Rafael Cristiano Reportagem  Camila Lima Fotos  Acervo das famílias Garcia e Morais