Por representatividade no trabalho, pessoas trans “criam” próprios empregos

A vida profissional de Lui Castanho ficou complicada quando iniciou sua transição de gênero. Hoje identificado como homem trans, ele começou a trabalhar como professor de línguas antes de transicionar

No decorrer do processo, foi perdendo cada vez mais alunos sem apontar justificativa. Era transfobia. Na arte, ele se encontrou profissionalmente e ficou confortável para trabalhar sem negar quem é

No meio artístico do circo, nunca enfrentei problemas por ser uma pessoa trans. Nunca escondi de ninguém a minha transexualidade”, conta ele, que mora na Cidade Patriarca (zona Leste de São Paulo)

Lui trabalha como educador circense e produtor cultural. E em 2017, foi um dos fundadores da Cia Fundo Mundo, uma companhia circense exclusivamente formada por pessoas trans

O que a história de Lui mostra é que o presente promete ser diferente para corpos que  foram marginalizados e excluídos de oportunidades no passado

Mas muito disso ainda passa pela ação das próprias pessoas trans para mudar a realidade. Afinal, pessoas trans estão cansadas de serem vistas como singulares, que só podem falar sobre gênero

Essa autoafirmação libertou Ariel Nobre enquanto profissional. Morador de Santana (zona Norte de São Paulo), ele se encontrou enquanto publicitário, fez filmes e campanhas

Ariel também criou o Trans Mercado, voltado para promover educação com enfoque em desenvolvimento profissional para a comunidade trans

Já Márcia Rocha fundou em 2007 a TransEmpregos, uma agência com vagas de trabalho para pessoas trans que é pioneira. Desde então, mais de 1.500 vagas foram oferecidas na plataforma

"O preconceito ainda é muito grande, sinto isso na pele, mas está avançando muito rápido”, observa Márcia, mulher trans de 46 anos, advogada e  empresária.

O Brasil segue como País que mais mata pessoas trans no mundo. Além disso, mais de 90% da população trans e travestis precisam se prostituir para sobreviver

Apesar dos avanços no decorrer dos anos, precisamos entender que ainda há muito a ser conquistado

Adaptação de texto  Thiago Borges Design  Rafael Cristiano Reportagem de  Rô Vicente Fotos de  Nu Be e arquivo pessoal