10 anos da Lei de Cotas: 

Política pública que mudou a cara das universidades precisa ser mantida e melhorada, diz pesquisa

Graças à luta principalmente do movimento negro, o acesso ao ensino superior público aumentou (inclusive pela ampla concorrência) e alterou perspectivas da juventude

Em 2012, o Supremo Tribunal Federal (STF) julgou que a reserva de vagas para grupos específicos nas universidades era uma medida dentro da Constituição

No mesmo ano, a então Presidenta da República Dilma Rousseff (PT) sancionou a Lei Federal de Cotas, que resistiu a mentiras e revelou resultados positivos

Em 2001, apenas 31% das vagas em universidades públicas eram ocupadas por pessoas pretas, pardas e indígenas; e somente 19% de estudantes eram das classes C, D e E, a parcela mais pobre da população

Em 2020, tanto o número de pessoas de origem mais pobre quanto negras e indígenas saltou para 52% das matrículas nas universidades públicas

Segundo o Consórcio das Ações Afirmativas (CAA), que reúne núcleos de pesquisa de 7 instituições de ensino superior, a política alterou a perspectiva de uma grande parcela de jovens

A lei também ampliou o número de vagas no ensino superior em geral, ou seja, quem tentou ingressar na ampla concorrência também se beneficiou dela

Apesar da Lei de Cotas ter apenas uma década de existência, a luta pelo acesso à educação é pauta histórica do movimento negro brasileiro

Somente em 2002, a UERJ implantou a primeira medida de reserva de vagas entre universidades públicas brasileiras. Nos anos seguintes, outras instituições adotaram políticas semelhantes

Em 2007, pelo menos 40 universidades públicas brasileiras já tinham alguma cota. Em 2012, quando finalmente foi sancionada a Lei Federal, mais de 80% das instituições já tinham cotas

E, ao contrário do que é difundido, a cor ou raça da pessoa não é são o primeiro filtro de entrada

Reportagem  Thiago Borges Design  Rafael Cristiano Imagens ACERVO PEM