O circuito literário das quebradas

Com estímulo a quem lê e escreve, periferias criam próprio circuito literário

Uma pesquisa inédita realizada em 2020 pela Ação Educativa mostra que a maioria de quem lê segmentos de múltiplas e potentes vertentes literárias é composta por quem mora nas próprias periferias

O mercado editorial periférico se expande principalmente a partir dos saraus no início dos anos 2000

Lívia Lima, produtora cultural e editora do coletivo Nós, Mulheres da Periferia, fez uma pesquisa sobre a importância dos saraus para a cultura periférica

Os saraus foram muito importantes para movimentar e mobilizar uma classe artística na periferia, grupos culturais, e também incentivar novas pessoas a se engajarem nas atividades artísticas”

Segundo a pesquisa, as editoras periféricas e selos independentes movimentaram cerca de R$ 3,75 milhões em vendas até abril de 2020

Nesse período, 275 pessoas escreveram obras literárias. As periferias da zona Sul de São Paulo concentram metade das editoras e selos

No vácuo do poder público, a própria comunidade cria um desejo de ter espaços culturais, que são geridos pela própria população. Exemplo disso são as bibliotecas comunitárias

Com encontros em bares, centros culturais, espaços comunitários, escolas e na internet, quem lê e escreve nas quebradas fortalece um circuito e está atento a medidas que podem prejudicar essas ações

Como o próprio escritor e poeta Sérgio Vaz diz em um trecho do livro Literatura, pão e poesia, “só os cegos não querem enxergar este movimento que cresce a olho nu, neste início de século”

Texto final de Thiago Borges Design Rafael Cristiano Reportagem de Jefferson Rodrigues Orientação Gisele Brito