“O não-indígena acha que não tem índios em SP”

“O não-indígena acha que não tem índios em SP”

Para Karaí Poty, educador Guarani Mbya, a visão só vai mudar quando os próprios indígenas puderem dar aula sobre sua história

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O que é ensinado sobre os povos indígenas nas escolas? E quem ensina?

Para Adriano Karaí Poty, a visão que se tem dos povos indígenas ainda hoje é estereotipada: só existe índio na Amazônia ou no Pantanal, todos andam pelados, com cocar na cabeça e fumam cachimbo.

“Só vai começar a mudar a visão do não-indígena quando der aula do índio de verdade, como está agora, atualmente. Não ensinar o índio do livro didático, que é aquele índio de 1500”, diz ele, que é coordenador do Centro de Educação e Cultura Indígena da Tenondé Porã, aldeia do povo Guarani Mbya localizada no Extremo Sul de São Paulo.

A lei federal 11.645 de 2008 determina o ensino da História e Cultura Afrobrasileira e Indígena nas escolas, porém Poty nota que esses aspectos só são lembrados no dia 19 de abril. Para ele, a mentalidade do brasileiro comum só vai mudar quando os próprios indígenas forem os professores.

No dia 03 de setembro, ele participou de uma roda de conversa sobre educação escolar durante os “Diálogos Marginais” promovidos pela Cia Humbalada de Teatro, no Grajaú. Além dos desafios de falar de culturas ancestrais para fora das aldeias, Poty lembra que também enfrenta dificuldades para o ensino dentro da própria comunidade – e que não se distinguem das enfrentadas nas escolas não-indígenas.

“A falta de território limita as atividades, mas não é só isso. Hoje os jovens estão muito conectados à tecnologia, então temos que pensar como ensinar nessa realidade”, conta.

Foto: Periferia em Movimento

Foto: Periferia em Movimento

Em todo Brasil, 817 mil pessoas se autodeclaram indígenas segundo o censo do IBGE realizado em 2010. Desse total, 315 mil vivem em áreas urbanas – 13 mil deles apenas na cidade de São Paulo.

Na atualidade, os povos indígenas em território brasileiro lutam pela própria sobrevivência: pela demarcação de terras que sempre ocuparam e contra os ataques de latifundiários, que promovem um genocídio das populações originárias.

Semana passada, falamos como esses povos têm resistido a 516 anos de golpes. Clique aqui e confira!

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