O hip hop se reinventa no Extremo Sul

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Os elementos do hip hop são o rap, o graffiti, o break e o DJ, mas como sua origem já vem de outras misturas e sua base é a criatividade e o improviso nada mais natural que ele, o hip hop, receba novas influências e propostas de expressão a cada nova intervenção.

No Grajaú, por exemplo, é possível encontrar grupos convidando os MC´s para o improviso com batidas de rock ou junto ao som desses músicos realizam um torneio de xadrez.

Em comum, se mantém inspirados pela resistência e a valorização da cultura local.

“Somos a voz do gueto que não grita por cansaço”, define Rafael Adalbozo, integrante do coletivo Expresso Perifa. Ele explica que a critica já está no nome, inspirado nos “coletivos ‘perifanos’ como o ônibus, o trem, a lotação” que diariamente partem do extremo da cidade sentido centro, transportando os moradores que vão em busca de uma oportunidade e que voltam com a informação, o alimento, mas também com algumas frustações e desânimos.

Para Rafael, cada bairro tem um jeito de fazer seu movimento, como falar com as pessoas. “O Grajaú é diferenciado, porque são vários na missão e como diz meus camaradas do Xemalami, procuramos fazer letras que todos possam ouvir, da criança ao vovô”.

Envolver o público também faz parte da proposta de Wagner Felipe que realiza junto com os amigos o projeto Rap Enter, da produtora A. “Nosso principal objetivo é interagir com outros artistas e criar juntos, no improviso, novas possibilidades de música e arranjo”.

A ideia surgiu de uma conversa do produtor musical com o amigo Jerry Batista, grafiteiro também da região. Juntos pensaram nesse formato que eles chamam de laboratório e que batizaram de Rap Enter.

A primeira edição foi um sucesso e de 2012 pra cá, eles querem fazer cada edição diferente “as vezes pegamos bases conhecidas do rock, outras levamos  o refrão das músicas para servir como alicerce para o improviso do MC”.

Um padrão sempre se repete, eles levam o instrumental com os músicos fixos do projeto e em bares e ruas, conduzidos por um mestre de cerimônias, abrem o microfone para quem quiser somar, improvisando no vocal.

O artista Jerry completa o evento com produções de telas e interação com outros grafiteiros.

“Temos várias influências desde chorinho, música sacra, erudita, rap e rock e como a banda interage e constrói junto com quem assume o microfone, o improviso é de todo mundo”, completa Wagner. Apesar do maior público ser os MC´s, outros gêneros também marcam presença.

O raciocínio do jogo levado pra vida

Unir o hip hop e o xadrez pode parecer inusitado, mas para o coletivo Xemalami – Xeque mate la misón a fusão é o que os define. O grupo fez o caminho inverso de outras iniciativas de hip hop.

O xadrez chegou primeiro para eles que ensinavam o raciocínio do jogo e propunham às pessoas levá-lo para outras situações da vida. Somente depois uniram o hip hop as ações do grupo com a mesma proposta pedagógica.

O coletivo já promoveu eventos mesclando apresentações e vivências no hip hop com torneios de xadrez. Além disso, tem um histórico de produções musicais independentes, entre elas o Ep “São Vários Vol.1”, feito apenas com rimadores do Grajaú e a coletânea “1º Resumo” que teve suas primeiras mil cópias produzidas artesanalmente – arte impressa, dobraduras, cola e tesoura, reutilizando materiais recicláveis.

Misturas sem limites geográficos

Apesar de ter o foco principal no extremo sul, os grupos rompem as barreiras das distâncias, geográficas e culturais, e fazem parcerias com artistas de vários cantos da cidade, do país e do mundo.

O Rap Enter já foi feito na rua, em eventos como o Encontro Niggaz de grafite que ocorre anualmente no Grajaú, mas também em bares da Vila Madalena. E a pouco tempo os músicos do grupo fizeram uma música com um austríaco que participou de um dos eventos.

“Somos um balaio cultural. Vivemos e respiramos hip hip, mas somos várias cabeças e cada um gosta de um gênero de livro, frequenta lugares diferentes e tudo nos influencia na hora de escrever um som ou fazer uma performance no show”, define Rafael, do Expresso Perifa.

“O ponto de partida foi e continua sendo o extremo sul, mas o Xemalami já percorreu todas as partes de São Paulo, alguns municípios e estados vizinhos”, contam os integrantes do coletivo.

Cobertura Colaborativa Virada

Rap Enter, Xemalami e Expresso Perifa estão na programação da Virada Sustentável e Estéticas das Periferias no Extremo Sul. Confira!

Mutirão Cultural no Lago Azul

Quando? Sábado, 30 de agosto, a partir das 09h

Onde? Rua Falcão Negro, s/n – Lago Azul – Grajaú

O quê? Ocupação do espaço do Parque Linear Cantinho do Céu, conhecido como Lago Azul, com coletivos organizados do Grajaú.

Atrações:

9h às 20h – Bazar da troca e venda de sabonetes artesanais – Coletivo Transação

9h às 12h – Grupo Revolusom – Projeto Café com Bolachas; Piquenique; e oficina de grafite com o grupo O.C.A do Lago Azul

14h – Show do grupo de rap Expresso Perifa

16h – Cia Humbalada de Teatro – Espetáculo: “Tudo está organizado para que nada aconteça”

17h – Show do Expresso Perifa e convidados

20h – Show do grupo de rap Xemalami – Cultura Hip Hop e cultura do Xadrez

21h – Show do grupo Rap Enter e interações com mc’s

Pagode da 27 – Aniversário de Nove Anos

Quando? Domingo, 31 de agosto, a partir das 14hs.

Onde? Rua Manuel Guilherme dos Reis, 500 – Grajaú – Extremo Sul de São Paulo.

Informações? Clique aqui

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