A jornalista e ativista Mariana Belmont explica por que territórios periféricos são alvo da emergência climática. As reflexões a seguir foram feitas por ela:
Será que quando a gente pensa em mudanças climáticas, a gente relaciona a precariedade das cidades na conversa?
Já parou para pensar que a falta de água nas torneiras faz parte do cotidiano das pessoas periféricas? O não abastecimento das casas nas periferias não se restringe às épocas específicas do ano
Crianças morrem nas enchentes, famílias perdem casas construídas em áreas de risco, nas margens de represas e córregos, nos vales e nas encostas
Demorei para entender que o planeta está derretendo, ou pegando fogo, e os problemas estão todos na porta das nossas casas, ou dentro delas, no caso da fome
Esse é o retrato do racismo ambiental nas periferias das cidades
As cenas de desastres ambientais descritas acima têm como ponto de partida as desigualdades e discriminações étnicas e raciais
No Brasil, o movimento ambientalista (comumente liderado por pessoas brancas) é uma pedaço elitizado que historicamente fez parte de processos importantes no combate à degradação ambiental
Por outro lado, como resultado temos a falta de segurança ambiental em territórios urbanos e rurais de maioria populacional negra
As periferias são impactadas pela expropriação, poluição hídrica, atmosférica, eventos climáticos extremos, moradia em áreas de risco, despejo de resíduos, enchentes, deslizamentos…
No Brasil, 56% da população é negra. Negar o racismo ambiental é negar a realidade da vida nas periferias, o aumento da fome e a violação de direitos em territórios quilombolas e terras indígenas
Em contraponto ao governo, o movimento negro e indígena mostra que outro caminho é, sim, possível!
Adaptação de texto Thiago Borges Design Rafael Cristiano Texto Mariana Belmont Imagens arquivo