Dos brechós às marcas locais: A quebrada reinventa moda
Reaproveitamento de roupas tem a ver com o uso consciente e crise econômica. Na outra via, grifes locais apelam para identidade
Em todo Brasil, a indústria da moda tem mais de 20 mil fábricas e emprega mais de 1 milhão de pessoas
Em 2018, o setor produziu mais de 5,9 bilhões de peças, segundo o Instituto de Estudos e Marketing Industrial (IEME). Em todo o mundo, o consumo aumentou em 60% nos últimos 15 anos
A moda responde por 10% de emissão dos gases do efeito estufa e 20% do consumo de água. Mais de 180 mil toneladas de tecidos vão pro lixo só no Brasil
Eu e minha mãe comprávamos no brechó por ser mais barato. A consciência que tenho hoje é por conta dos mais jovens começarem a falar dos brechós do Instagram”
A fala é da estudante Dani Vieira, que mora no Extremo Sul de São Paulo e faz parte do Coletivo Chita, criado para discutir moda nas periferias
Se os brechós atendem a um anseio mais imediato das pessoas, as grifes e marcas que surgem nas quebradas partem de um entendimento individual e do território
A importância das grifes é se ver, ter uma marca que te represente”
observa Barbara Terra, articuladora da rede de empreendedorismo Nois por Nois
Gabi Bazílio se inspira na cultura afrobrasileira para criar as peças da Mocamba Ateliê, que ela começou em 2016 no Grajaú (Extremo Sul de SP)
Os tecidos africanos contam uma história perdida. Enxerguei isso neles, essa memória que é perdida, distante, porque tem um mar no meio”
completa Gabi
Fotos, reportagem e adaptação de texto Thiago BorgesDesign Rafael Cristiano