Sucupira Resiste e lembra jovens mortos pelo Estado

Por Dudinha e por todos e todas jovens que morreram nas mãos do Estado, movimentos sociais, artistas, coletivos e moradores da Favela Sucupira se reuniram para homenagear as vítimas e denunciar o genocídio

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Reportagem de Daniela Vieira, Laís Diogo e Matheus Oliveira, do coletivo Jovens em Cena

Texto por Thiago Borges, do Periferia em Movimento | Fotos por Fórum de Cultura Grajaú e Cedeca Interlagos

Por Dudinha e por todos e todas jovens que morreram nas mãos do Estado, movimentos sociais, artistas, coletivos e moradores da Favela Sucupira se reuniram no último domingo (29 de maio) para homenagear as vítimas e denunciar o genocídio do povo preto praticado pela polícia.
O ato “Sucupira Resiste: em memória de nossos jovens” aconteceu no mesmo local onde o menino negro Lucas Custódio dos Santos, o Dudinha, de 16 anos, foi executado por policiais militares no dia 27 de maio de 2015.
“A polícia não deu oportunidade dele viver. Quando ele foi levado pra execução, já entendemos que eles queriam tirar a vida dele”, lembra Luís Felipe, primo de Dudinho. “Depois disse que ele trocou tiro. Mas eu conheço meu primo e eu sei que ele não fez isso. E torno a dizer: meu primo tava jogando futebol [quando foi levado pelos PMs]”.
03062016_Sucupira Resiste 12 cedecaDoroth, militante do Hip Hop e moradora da região, lembra o cenário de terror causado na época: “Teve uma opressão de mais de 12 horas da polícia contra as pessoas nessa comunidade. Deficientes sendo humilhados, crianças humilhadas, sendo oprimidas simplesmente por morar em favela”, conta.
Luís chegou a ser raptado por membros da corporação e denuncia as ameaças constantes: “A todo momento tem um policial apontando o dedo pra mim. Muitas vezes, passei por situações em que falaram que a oportunidade que tivesse de me enterrar na madrugada, iam fazer”.
Assim como Dudinha, outros jovens foram assassinados na região no último ano. E a abordagem violenta e o encarceramento em massa seguem à tona. Casos como esses foram representados por adolescentes que participam das oficinas do Circo Escola Grajaú, nas apresentações de rap de artistas como Robsoul, Luiz Semblantes entre outros, e nos muros coloridos por grafiteiros presentes.
“Como a gente não tem página de jornal, a gente escreve nas ruas. Nesse sentido, o graffiti e as artes como um todo tem o objetivo de comunciar. Sem perder a ternura, a gente pode fazer as críticas necessárias”, observa Wellington Neri, o Tim, do coletivo Imargem.
“Por sermos moradores, a gente tá fazendo esse movimento humilde pra levantar a autoestima dos adolescentes e das crianças que foram oprimidos aqui dentro da comunidade do Sucupira”, completa Doroth.
Um ano se passou da morte de Dudinha, mas a lembrança permanece. Luís conta das madrugadas de choro e das tardes de recordações com amigos na garagem. “Esse evento pra mim tem sido um memorial pra lembrar do meu primo”, conclui. A luta segue!


 

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