#Matriarcas: Da vontade de estudar, ela lutou por escolas e virou professora

#Matriarcas: Da vontade de estudar, ela lutou por escolas e virou professora

Conheça a história da professora Maria da Glória

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Texto por Thiago Borges. Idealização: Lucimeire Juventino. Reportagem, roteiro e edição: Evelyn Arruda, Lucimeire Juventido, Pedro Ariel Salvador e Wilson Oliveira.

Tá vendo aquela escola ali na esquina? Você sabe a história que há por trás da conquista desse direito?

Maria da Glória cresceu em uma época em que o direito à educação não era para todos. Sem documentos, ela foi impedida de estudar até a adolescência. Dessa vontade e por entender a importância da educação, ela lutou pela construção de creches e escolas quando se mudou para o Grajaú, trabalhou como servente em uma delas, terminou os estudos, fez faculdade e… virou professora de um colégio que ela mesma ajudou a conquistar.

Maria da Glória é a personagem do segundo episódio de “Matriarcas”. Idealizada pela escritora e professora Lucimeire Juventino e realizada pela Periferia em Movimento, nesta série de reportagens contamos histórias de mulheres que cavaram os alicerces de lutas por direitos que continuam fortes até os dias de hoje.

Confira abaixo a entrevista com Maria da Glória:

Saiba mais sobre a história dessa matriarca

Maria da Glória nasceu no litoral de São Paulo, mas foi criada na capital – próximo ao Autódromo de Interlagos, na Cidade Dutra. Como os documentos ficaram na região praieira, ela foi impedida de estudar até a adolescência. Pouco depois de finalmente ingressar na escola, casou-se e se mudou com o marido para o Jardim Mirna, no distrito do Grajaú.

“Tinha três casas lá. Era tudo mato”

Sem energia elétrica, geladeira e numa casa com chão batido, demorou para ela se acostumar.

O marido trabalhava em fábricas de Santo Amaro e andava a pé mais de 10 quilômetros por dia para economizar o dinheiro do ônibus – que sequer chegava ao novo loteamento. Maria da Glória também trabalhou em metalúrgicas, mas com filhos pequenos teve de ficar em casa. Conheceu uma empreendedora na região que montava brinquedos para uma grande fabricante, começou ela mesma a receber essas peças e juntar outras mulheres da região para gerar renda sem precisar sair de casa.

Com a chegada de novos habitantes, Maria da Glória foi das primeiras a liderar abaixo-assinados para exigir do poder público algumas melhorias para o bairro. Transporte, água, luz, asfalto… Uma das fundadoras da associação de moradores, ela lutou pela conquista da primeira creche – a CEI Três Corações – e de duas escolas – a EE Levi Carneiro e a EE Roberto Mange.

Nesta última escola, aliás, Maria da Glória trabalhou como servente – a “tia da merenda”. E em uma dessas situações, foi discriminada por uma professora, que disse que ela “nunca seria nada na vida além de uma auxiliar”. Motivada após o ato racista e com apoio da diretora da escola, ela terminou os estudos, ingressou na faculdade, se formou em História e Geografia e passou a dar aula na escola que ela ajudou a trazer para a comunidade com abaixo-assinado de anos anteriores.

Hoje, prestes a se aposentar, Maria da Glória olha para todas essas conquistas mas teme pelo retrocesso em direitos – com o ataque à educação pública, à aposentadoria de servidores públicos e da população como um todo. “Que essa luta não tenha sido em vão”, conclui.

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