Covid-19: no “vazio” de dados, periferias exigem saber raça, gênero e idade de mortos

Covid-19: no “vazio” de dados, periferias exigem saber raça, gênero e idade de mortos

Lideranças e pesquisadores enviaram manifesto à Prefeitura de SP

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“Quem está morrendo?”, questiona Ricardo Silva, morador da Zona Leste, diante dos dados de mortos e infectados por covid-19 na cidade de São Paulo.

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Ricardo já imaginava que as periferias seriam as mais atingidas pelo coronavírus. Mas, na semana passada, se espantou com os índices apresentados pela Prefeitura, que aponta maior número de casos confirmados nas regiões centrais enquanto as periferias concentram o maior número de vítimas fatais.

De acordo com boletim epidemiológico divulgado na quinta-feira (17/04), a cidade tinha 1.935 mortes confirmadas ou suspeitas por coronavírus desde 23 de fevereiro de 2020. Com 297 infecções confirmadas, o Morumbi tinha registrado 07 mortes. Enquanto isso, na Brasilândia, foram 89 casos confirmados e 54 mortes confirmadas ou por suspeita de covid-19. Clique aqui pra baixar o boletim na íntegra. Veja o mapa:

Ricardo, que é professor no campus Zona Leste da Universidade Federal do Estado de São Paulo (Unifesp), localizado em Itaquera, juntou-se a outros pesquisadores para elaborar um manifesto exigindo informações sobre o perfil das vítimas de covid-19 por distrito: eles quem saber raça, gênero, faixa etária e escolaridade de cada pessoa. E assim evidenciar e pressionar por políticas contra desigualdade que leva a essa condição de forma emergencial.

Lançado no dia 15 de abril, o pedido foi protocolado junto à Secretaria Municipal de Saúde e à Prefeitura de São Paulo na última segunda-feira (20/04) por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI). O pedido tem 20 dias para ser avaliado. O manifesto conta com 133 assinaturas de instituições públicas e privadas, organizações não governamentais, coletivos, lideranças locais, intelectuais, professores e pesquisadores.

“A informação é uma forma de tentar ajudar quem tá na linha de frente a enfrentar da melhor maneira possível a covid-19”, ressalta Ricardo.

Confira o manifesto abaixo e baixe aqui o documento para conferir quem assina.

Manifesto por informações sobre óbitos e infectados por Covid 19 nas Periferias Urbanas

À Prefeitura Municipal de São Paulo (PMSP)/ Secretaria Municipal da Saúde

Nós, membros de instituições públicas e privadas, organizações não governamentais, coletivos, lideranças, intelectuais, professores e pesquisadores exigimos a divulgação de dados diários sobre os óbitos e infectados por distritos e grupos (raça, gênero, escolaridade e faixa etária) da Covid 19 na cidade de São Paulo, com o objetivo principal de informar o avanço desta doença às populações que vivem nas periferias urbanas.

Ao que se sabe, esta doença é altamente contagiosa e mortal, especialmente, para certos grupos mais vulneráveis, tais como: as pessoas idosas, com doenças pré-existentes – diabetes, hipertensão – e doenças respiratórias – bronquite, asmas e outras doenças pulmonares. Mas além dessas vulnerabilidades, é necessário considerar as históricas desigualdades socioespaciais nas periferias urbanas que tornam estes territórios mais vulneráveis aos seus moradores.

Sabedores que as populações periféricas convivem há anos com os descasos na saúde pública e, muitas vezes, buscam a sobrevivência a base da solidariedade mútua, exigimos que essas informações sejam disponibilizadas para ajudar na conscientização e no enfrentamento a covid -9 nas periferias urbanas da cidade de São Paulo.

Esta solicitação é urgente e se baseia na Lei de Acesso à Informação (Lei Federal no 12.527/2011) e nos Decretos n° 53.623/2012 e n° 54.779/2014.

2 Comentários

  1. […] moradores de bairros nobres, com renda suficiente para realizar viagens à Europa e Ásia. Mas o vírus se espalhou rapidamente pela cidade, e é nos bairros periféricos onde provoca mais […]

  2. […] então o distrito que registrou mais mortes por covid-19 na cidade de São Paulo, a Brasilândia tem distribuição de cestas de alimentos orgânicos para […]

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