Com máscaras e álcool em gel, povo vai às ruas contra racismo e fascismo

Com máscaras e álcool em gel, povo vai às ruas contra racismo e fascismo

Ato acontece neste domingo (07/06), na avenida Paulista, em São Paulo

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Por Thiago Borges

Cerca de 44 quilômetros separam a avenida Paulista, do Jardim Silveira, em Parelheiros (no Extremo Sul de São Paulo), onde mora o educador social Will Ferreira. Já São Miguel Paulista (na Zona Leste), em que vive a articuladora cultural Jessica Cerqueira, está “menos” distante da via que é centro de manifestações: 32 quilômetros.

É lá, em frente ao MASP, que acontece a partir das 14h deste domingo (07/06) mais um ato contra o racismo e o fascismo. O primeiro ato, no domingo passado (31/05), foi convocado por integrantes de torcidas organizadas e reuniu cerca de 5 mil pessoas. Dessa vez, diferentes grupos convocam a manifestação: movimentos negros, secundaristas, anarquistas, a Frente Povo Sem Medo até indivíduos sem uma ligação direta com grupos organizados.

O portal Alma Preta, inclusive, explicou de forma resumida e didática o que são antirracismo e antifascismo:

Jessica ainda não sabe se vai colar. “A minha vontade real é ir, estar lá presente, mas a pandemia é foda. Tenho amiga enfermeira de hospital de campanha que sempre fala do quão foda está”, diz ela, que ainda está em dúvida.

Para Will, virou questão de sobrevivência. “A pandemia se tornou uma estratégia de legitimação do genocídio da população preta. A gente não pode aceitar, a partir da pandemia, que digam ‘fiquem em casa e morram quietos, contabilizem em silêncio’”, aponta ele. Em abril, Will abordou a violência policial em meio à pandemia numa reportagem da Periferia em Movimento.

O que está em jogo?

À medida em que as demonstrações autoritárias e antidemocráticas do governo de Jair Bolsonaro avançam mesmo diante de uma pandemia, o genocídio negro segue seu curso: não entrou em quarentena, como mostram os dados sobre violência policial no Brasil.

Ato da Coalizão Negra por Direitos no Julho das Pretas, em 2019

A questão racial, sempre denunciada pelos movimentos negros e das periferias, ganha impulso com a sequência de protestos que tomam as ruas de cidades dos Estados Unidos após o assassinato de George Floyd por um policial branco.

Em nota, a Rede de Proteção e Resistência ao Genocídio manifestou apoio à revolta urbana contra a violência estatal estadunidense e relacionou com a “imensa quantidade de pretos, pobres e periféricos deixados morrer na pandemia – sem poder fazer quarentena por não disporem de uma política de renda mínima real e sem acesso a um serviço público de saúde adequado – quanto pela intensificação do genocídio provocado pelas forças policiais”.

A Rede também lembra de casos recentes, como o de David Nascimento dos Santos, 23 anos, assassinado na noite de 24 de abril depois de ser abordado por policiais militares e colocado numa viatura do 5° Baep (Batalhão de Operações Especiais). Ele morava na Favela do Areião, no Jaguaré, zona oeste de São Paulo, e aguardava um entregador de comida por aplicativo.

Protesto seguro

Por conta do temor em ir às ruas, a Frente Povo Sem Medo abriu um formulário para cadastrar interessados em formar uma “brigada da saúde” que vai distribuir 4 mil máscaras e orientar sobre higienização e distanciamento social. Acesse aqui.

Entre as medidas para se proteger do contágio por coronavírus que circulam pelas redes sociais, estão:

  • Utilizar máscara e levar mais de uma para trocar em caso dela ficar molhada
  • Manter o distanciamento mínimo de 1,5 metro de outras pessoas
  • Levar luvas, óculos e álcool em gel
  • Cobrir todas as partes do corpo e proteger o cabelo com gorro ou boné
  • Ao chegar em casa, tire os sapatos antes de entrar no domicílio, tome banho imediatamente e limpe objetos como celular, chaves, maçanetas e interruptores que foram tocados
  • Pessoas que têm risco aumentado ao contrair coronavírus, têm sintomas ou moram com pessoas nessas condições não devem comparecer ao ato

Os ativistas também orientam a tomar cuidado com a própria segurança. Isso se deve à truculência policial registrada no ato passado, no último domingo (31/05), e a intimidação por parte do deputado estadual Douglas Garcia (PSL-SP), que montou um “dossiê” com centenas de nomes de antifascistas.

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